ENQUANTO  VOCÊ  DORMIA

Pablo González BlascoFilmes Leave a Comment

ENQUANTO  VOCÊ  DORMIA (While you were sleeping) Diretor: Jon Turteltaub. Sandra Bullock, Bill Pullman, Peter Gallagher. USA 1996. 105 min.

Uma comédia romântica, original e de bom gosto. Ingredientes, todos eles, cada vez mais difíceis de encontrar no mesmo filme, em feliz coincidência. Vê-se que Hollywood apela para os padrões antigos-impossível não lembrar do cinema de Frank Capra!- e convenientemente tratados os serve em apetitosa apresentação para a sensibilidade atual. Linguagem, trilha sonora, agilidade de câmara vestem de modernidade o romantismo de sempre; satisfazem o espectador que recorre ao cinema….., enfim, para sonhar! E satisfaz as produtoras, pois o marketing faz eco desta corrente inundando de outdoor a cidade, noticiando a opção-lançamento, para matar saudades.

            Lucy é uma bilheteira do metro. Uma Cinderela de calça jeans, que almoça cachorro quente com muita mostarda. Sem brincos, sem batom, mas encantadoramente feminina. Toda a maquiagem corre por conta da sua sonhadora imaginação que enche de feminismo a tela. Lucy está apaixonada pelo seu príncipe encantado, um atraente usuário do metro que, evidentemente, ignora a existência de Lucy e que, pontualmente, compra o bilhete as 08h05min, de segunda a sexta feira. O rapaz sofre um acidente e lá está, naturalmente, Lucy para ajudá-lo. Hospital, família do acidentado, mal-entendidos, expectativas, em ágil sucessão para complicar a trama que se iniciou com um sonho e continua….enquanto o príncipe dorme, inconsciente. Natal, neve, presentes; carinho, emoção, família, amor: elementos para cimentar as raízes de Cinderela.  Sandra Bullock está magnífica. Sem cosméticos, ao natural, ela é tudo o que Lucy poderia ser na nossa imaginação. É uma boa atriz, firma-se com presença.

            O filme é uma apologia dos valores de sempre que gravitam em volta da protagonista. E também, sem críticas, um elogio rasgado do que é capaz de construir a imaginação de uma mulher que sonha com muito -príncipes e Florença- e se contenta com tão pouco. Pouco mas, como sempre, essencial: envelhecer com alguém, esse alguém com que se pode sorrir, dividindo o próprio sorriso.

            Um filme divertido, para toda a família, que deixa o sabor do vinho da velha safra hollywoodiana. Sem pretensões de grandeza, para um paladar que aprecia a simplicidade e que sabe perceber o maior presente – o mundo!- nos detalhes permeados de carinho familiar, e que tem coragem de sonhar e de enamorar-se.

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