Juan Antonio Diaz González: Soy Médico
Identidad Personal en la Práctica Médica. EUNSA. 2024. 201 págs.
Chega-me o livro diretamente das mãos do autor, com uma amável dedicatória, que fala de gratidão e nos estimula a seguir com esta sementeira de Humanismo na Medicina, que nos ocupa há várias décadas. Inicio a leitura de imediato, e concluo alguns dias depois, com o sabor de algo já vivido, pensado, meditado e também ensinado e compartilhado nos cenários acadêmicos, inúmeras vezes.
Fui tomando notas, que aqui alinhavo, enquanto traduzo livremente ao Português, com a esperança de que seja publicado neste idioma, pois será em benefício de muitos que também andam envolvidos na Educação Médica. Agregará valor para os professores, trará perspectivas para os alunos e, certamente, redundará em benefício dos pacientes, que são, sempre, o motivo final de todas estas reflexões. Falar de medicina centrada no paciente -igual que sublinhar o humanismo em medicina- não deixa de ser uma redundância, pois a Medicina, para ser tal, não pode ser de outro modo. Falamos, ensinamos, escrevemos, não para contribuir com novidades mas para mostrar o caminho de volta, verdadeiro resgate, de um esquecimento vital. Na verdade, de uma distração que com o progresso da medicina e o descompasso da formação médica, acaba relegando o paciente a um lugar secundário, privando-o do protagonismo que lhe corresponde.
O prólogo da edição espanhola, escrito pela Presidente da Fundação do Colégio de Médicos de Madrid, já adverte acerca desta distração, quando fala de Medicina como de “uma profissão que tem sido não tão entusiasmada nos últimos tempos, devido ao desgaste e à falta de consideração, e a alguns estudantes que são talvez um pouco mais pragmáticos do que o desejável, devido à crise que afeta os objetivos da medicina”. E também adverte que o livro é um recurso para recriar-nos e amar o que temos entre mãos. Esse pensamento despertou na minha memória as palavras de Gregório Marañón, um imenso paradigma de médico humanista, quando escreve a propósito dos velhos médicos: “Eles tinham um sentido da Medicina mais cordial, mais humano. Permanecia neles a figura do velho médico familiar, conselheiro, sacerdote, amigo nos momentos difíceis em cada lar. É provável que não soubessem tanto como nós, mas certamente foram melhores e mais sábios. Infelizmente, vamos esquecendo que a sabedoria não é somente saber as coisas mas também amá-las”.
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