Jonathan Haidt: A Geração Ansiosa
Companhia das Letras, SP, 2024, 440 págs.
Eis um livro necessário e imprescindível. Dou o recado de saída, porque aprendi com os meus amigos jornalistas e escritores que o mais importante da notícia tem que aparecer no primeiro parágrafo. E assim o faço para que conste e não se perca a mensagem principal, no meio dos muitos dados que, com esforço, tentarei resumir. Tarefa ingrata, porque contra o que se poderia pensar, este não é um livro de tese, de pensamento, simplesmente. É um livro que me atrevo a chamar de epidemiologia social. O autor -psicólogo social- não faz juízos de valor, mas contribui com dados, muitos, apoiados em pesquisas e trabalhos sérios que farão pensar e muito. E, assim esperamos, farão tomar providencias: a cada um, aquelas que lhes cabe.
E a seguir, a tese central desta obra, copiada textualmente do autor: “A minha afirmação central neste livro é que estas duas tendências (superproteção no mundo real e subproteção no mundo virtual) são as principais razões pelas quais as crianças nascidas depois de 1995 se tornaram a geração ansiosa. Assim, embora os pais trabalhassem para eliminar o risco e a liberdade no mundo real, geralmente, e muitas vezes sem saber, concediam independência total no mundo virtual, em parte porque a maioria tinha dificuldade em compreender o que estava a acontecer ali, e muito menos em saber o que fazer. ou como restringi-lo”. O resumo que coloco a seguir é um desdobramento desta tese central, apoiada com inúmeros dados e referências (que omito, porque é preciso ler o livro, ter a experiência fenomenológica da leitura). Desdobramento que aponta as consequências desse desbalanço de proteção.
Anota Haidt: “Muitos pais ficaram aliviados ao descobrir que um smartphone ou tablet poderia manter uma criança ocupada e tranquila por horas. Isso era seguro? Ninguém sabia, mas como todo mundo estava fazendo isso, todos presumiram que estava tudo bem. Assim, a Geração Z se tornou a primeira geração na história a passar pela puberdade com um portal no bolso que os afastou das pessoas próximas e os levou para um universo alternativo que era excitante, viciante, instável e, como mostrarei, inadequado. para crianças e adolescentes. O sucesso social nesse universo exigiu que dedicassem grande parte da sua consciência – perpetuamente – à gestão do que se tornou a sua marca online. Isto era agora necessário para obter a aceitação dos pares, que é o oxigénio da adolescência, e para evitar a vergonha online, que é a ruína da adolescência”.
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