Irène Némirovsky: “O Senhor das Almas”. Companhia das Letras. São Paulo. 2008. 230 pgs.
Um romance que relata a historia de Dario Asfar, médico judeu emigrado da Criméia (Rússia) à França nos anos 20 do século XX. O protagonista e sua família vêm de condição modesta, passam fome, são desprezados como emigrantes no sofisticado ambiente parisiense. A oportunidade de crescimento profissional se apresenta por caminhos que desmerecem a profissão médica. Aquilo que no início se considera espúrio vai se tornando natural. Afinal, tudo é válido para fugir da miséria e da humilhação da raça e do berço humilde que se carrega como uma marca de por vida. A autora, também judia russa emigrada para a França, penetra na psicologia das personagens, e mostra como diante das dificuldades na vida, as pessoas claudicam e abrem mão da ética e dos princípios. Por contraste, coloca também personagens que passam incólumes pelo ambiente sórdido, sem contaminar-se. Temos aqui um romance menor que, sem chegar às profundezas dos clássicos da literatura russa, transita com facilidade pelo universo psicológico e moral das figuras que descreve.