Antonio Estrada: “Rescoldo. Los últimos cristeros”
Antonio Estrada: “Rescoldo. Los últimos cristeros”. Encuentro. Madrid. 2010. 260 pgs.
Rescoldo é o ressurgimento do movimento cristero, no Estado de Durango (Mexico), em 1934 a 1936 quando foi definitivamente esmagado pelas tropas do governo. A revolução anterior, de 1927 a 1929, foi de maior envergadura e finalizou com um entendimento entre o governo mexicano e as autoridades religiosas. Porque o que está na base da revolução cristera é a questão religiosa, a livre expressão da fé que estava vetada pela lei. O presidente Plutarco Elias Calles decide cumprir a lei com a consequente repressão religiosa, e os cristeros –homens de fé, mas também acompanhados por indígenas pagãos que entendiam esta luta como sua- apresentam resistência.
O autor é filho de um coronel cristero, Florencio Estrada, que comandou ambas as revoluções, morrendo na última. A visão é do menino que acompanha o pai e a mãe nas peripécias de vaguear pelos morros, de lutar contras os federais, de aconchegar-se no calor da família. Mas a novela é de difícil leitura, mesmo para quem conhece espanhol; a quantidade de termos, palavras e expressões locais –de origem indígena- torna a leitura cansativa, e pouco fluida: é preciso dedicar tempo a consultar o significado dos verbetes (de outro modo não se entende), o que provoca continuas interrupções, perdendo-se interesse. Alguns críticos a consideram uma das melhores novelas mexicanas; é possível que seja assim. Mas, pelos motivos apontados, o público que poderia desfrutar dessa qualidade é mesmo muito restrito, tem que conhecer a linguagem utilizada.
Está para ser lançado um filme com Andy Garcia que aborda o tema (For Greater Glory: The True Story of Cristiada). Esse será, provavelmente, um veículo mais eficaz para documentar este importante episódio da história do México e dos heróis que defenderam a fé, a modo de mártires modernos.