Jaime Nubiola: “Invitación a Pensar”

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Jaime Nubiola: “Invitación a Pensar” Rialp. Madrid (2009). 175 págs.

     O autor, professor de Filosofia na Universidade de Navarra, com ampla experiência docente, reúne neste volume um conjunto de ensaios sobre temas variados. Os estilos de vida, o consumismo, o mimetismo dos jovens em busca de modelos, as redes sociais, o sexo e o amor, a paz no mundo, a família, a política. Não falta um capítulo dedicado à Universidade, cenário profissional do autor, e aos professores, ou melhor, à paixão de ensinar.

Os ensaios querem funcionar como motor de arranque e estímulo para a reflexão. Abrir mão de pensar por conta própria, leva à mediocridade. “Quando se deixa de pensar –cita palavras de Hannah Arendt- a vida humana torna-se supérflua, e os homens são perfeitamente substituíveis, porque a superficialidade nos faz iguais e intercambiáveis”. Refletir e relacionar-se com os outros, estabelecer amizades sinceras, “pois a qualidade da vida –citando agora Saint Exupéry- está em função dos vínculos afetivos livremente escolhidos”.

     Os melhores capítulos são, sem dúvida, o primeiro e o último, onde o autor, usando os exemplos clássicos de escritores a artistas que confeccionavam diários, convida o leitor a escrever. O que escrever? Anotações dos livros que se leem, novas ideias que surgem, reflexões em torno daquilo que foi lido ou as que aparecem ao compasso da vida. E depois, redigir, dar forma própria a todo esse material, torna-lo claro. Escrever é como passar a limpo o pensamento; e como ouvi certa vez comentar a outro amigo professor, quando falamos ordenamos o pensamento para os outros, mas quando escrevemos o ordenamos para nós mesmos.

     Enquanto lia as convidativas páginas deste breve livro, parei para pensar –mais uma vez- no vazio cultural que embrulha o nosso mundo. Um mundo mergulhado em redes de comunicação, com recursos fabulosos para registrar vivências e pensamentos, que lamentavelmente carece de conteúdo. Melhorar a cultura requer, sem dúvida, ler, refletir, relacionar-se e conversar. Mas também implica escrever para digerir o que se lê, para metabolizar as ideias, incorporando-as em formato próprio. É preciso manusear as ideias como se manuseia o papel. E aqui recordei um fato acontecido há alguns meses, num debate com universitários. Tinha lhes enviado na véspera, por e-mail, alguns textos para ler e refletir. Mas o fato é que não os trabalharam. “Vocês não os receberam?” – perguntei. “Sim, mas não tivemos tempo de imprimi-los”. Fiquei perplexo: “Imprimir? Mas vocês não leem isso na tela?” Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que quando os jovens querem ler algo que requer pensar, preferem imprimir, manusear, porque o que aparece na tela costuma ser descartável.

     Escrever é enzima que colabora no processo de digestão das ideias. O professor Nubiola faz uma extensa apologia desta metodologia concreta e acessível, que permite avançar na vida intelectual e tornar a reflexão fecunda. Eis um ralo que é preciso tampar se queremos melhorar a cultura e fugir de mediocridade: lê-se pouco, e não se escreve absolutamente nada. Afinal “esta tudo na web, ou na Wikipédia, basta copiar e colar”. E talvez por isso, já há algum tempo, não devolvo os livros que leio à prateleira sem antes redigir estas anotações no BLOG, para compartilhar reflexões. E também como estímulo próprio: já disse alguém que quando montamos um Home Page, ou um BLOG, é principalmente para nós mesmos mantermos o norte das nossas ideias.

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