Cristovão Tezza ; “O Filho Eterno”. Record. Rio de Janeiro. 2007. 224 pgs.
O autor, um homem cheio de idéias, de lembranças, e com uma cultura assimilada, escreve este livro magnífico para ajustar as contas com ele mesmo. Quem 26 anos atrás se viu surpreendido –atraiçoado, talvez- pelo nascimento de um filho mongolóide, e para quem o único consolo era pensar que uma criança assim viveria pouco e ele recuperaria sua liberdade, hoje reconhece que não consegue viver sem ele. Um livro direto, com uma dureza fina e elegante –em primeiro lugar contra ele, autor- aonde o pequeno Felipe vai conquistando seu espaço, na agenda e no coração deste professor de letras na Universidade de Curitiba. Escreve fácil, direto, sem tapumes; muitas idéias, mas se torna claro na síntese das palavras. Um estilo que evoca as frases inacabadas de Guimarães Rosa, a prosa crua de Saramago, mas com uma enorme diferença: abre-se à esperança. Mesmo que o autor não queira reconhecê-lo. De fato, não dá espaço para sentimentalismos, porque ficaria encabulado. Disfarça bem, mas tem um coração enorme, é certamente um homem de bem.