José Luis Comellas: “Breve Historia del Mundo Contemporáneo”
José Luis Comellas: “Breve Historia del Mundo Contemporáneo” Rialp. Madrid. 1998.380pgs
Vez por outra, convém repassar a História, ao compasso destes pequenos manuais onde a opinião interpretativa do autor está presente. Não há como fazer uma crítica, nem mesmo um comentário, muito menos um resumo do livro. É preciso ler para refrescar as ideias, os conhecimentos, sedimentar a cultura que, no dizer popular, é o que sobra quando se esquece quase tudo o que se leu. Breves histórias, quase opúsculos, que alguns podem considerar superficiais. No ritmo de vida que levamos, é preciso a maior parte das vezes saber deixar de lado as tentativas hercúleas de estudar história a fundo, em livros que superem as mil páginas. Nessas obras enciclopédicas, é tanta a informação que as árvores não deixam visualizar o bosque. Por isso, olhadas rápidas às florestas históricas, ajudam a aquilatar o conhecimento sobre o curso da Humanidade.
Não é, pois, improvável, que quando alguém pergunte o que ficou de um livro como este, a resposta seja: alguns detalhes, amenidades, curiosidades. Mas são miudezas que por estarem inseridas na História, funcionam com lembretes do quadro geral, nos ajudam a recuperar o sentido de expressões que, mesmo sendo de uso comum, desconhecíamos a sua origem.
Valha um exemplo: A expressão América Latina –para denominar o que na verdade é Ibero-América (já que, fora Portugal e Espanha, os outros países latinos carecem de protagonismo nesse cenário)- foi um lobby de Napoleão III. Queria recuperar a dimensão imperial da França e no lobby –que deu certíssimo- a expressão dá espaço para todas as metrópoles latinas. Outro exemplo: O Eixo –para designar os países que enfrentaram os aliados II Guerra Mundial- é uma expressão de Mussolini: “O eixo de Europa passa por Roma e por Berlim”.
Em tratando-se de uma visão rápida da Historia, as opiniões do autor, com suas peculiaridades, também estão presentes. Por exemplo: “Hitler entendeu que Marx era um judeu apátrida que por carecer de pais próprio propunha uma revolução supranacional. Daí arranca o ódio aos judeus, o antissemitismo de Hitler”. Algumas concisas, e cômicas: “A Primeira Grande Guerra se poderia dizer que aconteceu porque os Bósnios queriam ser Sérvios.” “Os felizes –ou loucos- anos 20, a grande depressão dos 30, o fortalecimento do egoísmo nacional, o surgimento dos nacionalismos messiânicos. Uma cascada de acontecimentos”. São interpretações da História: necessárias nos historiadores, e nos professores de História. Podemos estar de acordo com eles, ou não; mas a leitura destes breves manuais –quase ensaios em forma de livro- nos mantém em sintonia com a História, com a Humanidade, nos humaniza porque leva-nos a aprender com os acontecimentos.