Eva Illouz: “Por qué duele el amor”
Eva Illouz: “Por qué duele el amor” Ed Katz. Buenos Aires.2012 363 pgs.
Uma crítica literária chamou minha atenção sobre este livro. Depois, foi um artigo –parece-me recordar que sobre a educação dos garotos que se transformam em homens que ignoram o compromisso- onde também se falava desta obra. Comprei-a e aguardei o momento apropriado para lê-la. O momento chegou há três dias. Uma explicação sociológica sobre porque o amor –a falta do mesmo- dói. Após ler 40 páginas, não consegui encontrar a proposta da autora. Meia dúzia de frases soltas davam alguma pista: “analisar o que falha nas relações contemporâneas, delinear as causas institucionais do sofrimento amoroso, manejo dos sentimentos, as emoções que formam a história, etc. etc. Mas, o que estará querendo, perguntei-me? Ainda no capítulo introdutório tropecei com uma passagem que me deixou a pulga atrás da orelha: “meu objetivo é fazer com o amor o mesmo que Marx fez com a mercadoria: demostrar que são as relações sociais as que o produzem e configuram, num mercado onde os atores competem desigualmente, sendo que umas tem mais capacidade do que outras para definir em que termos serão amadas”. Não deu outra. A dialética do amor, na perspectiva da autora, é tão complicada que não consegui entender absolutamente nada. Até duvido que ela mesma entenda, porque o livro –que li em diagonal, várias vezes, pulando páginas- não é um livro, mas uma colcha de retalhos, um ajuntamento de péssimo gosto, e pior qualidade. Parece um desses TCC feito às presas, copiando e colando comentários da Wikipedia. Lá aparecem Jane Austen, Flaubert, Descartes, Warthon, Dostoievski, Kierkeergard, numa salada cósmica temperada com blogs e entrevistas de mulheres mal amadas, e de homens garanhões. Uma solene perda de tempo. Melhor seria investir o tempo em ler alguns dos clássicos citados, que devem ter se revolvido no túmulo. Por que dói o amor? A resposta não está neste livro. Empregue seus anseios de cultura em escutar o quarteto de Rigoletto, onde Gilda se mostra apaixonada pelo sedutor que parte para outra conquista; ou aprecie o diálogo de amor de Butterfly com Pinkerton, e aprenda como se pode enganar alguém cantando coisas maravilhosas. Ou, se gosta de algo mais escabroso, saboreie a lista de conquistas de D. Giovanni, cantadas por Leporello: “Madamina, Il catálogo e questo”. Certamente aproveitará mais para entender das dores do amor. Deste livro, o único que se salva é o título. Um belo golpe de marketing. Já se vê que os marqueteiros fazem milagres e, se não estamos atentos, nos roubam o tempo, e o decoro.