Ismail Kadaré: “Abril Despedaçado”
Ismail Kadaré: “Abril Despedaçado”. Companhia das Letras. São Paulo. 2001. 201 pgs.
Imagino que a crítica deve ver algo em Ismail Kadaré que eu não consigo ver. Tentei uma vez, dei um tempo, tentei de novo. Esta é uma das suas obras mais conhecidas, talvez pelo filme que originou, produto nacional. Uma inspiração apenas, pois Walter Salles transporta para o sertão Brasileiro o que Kadaré situa, naturalmente, na Albânia, sua terra natal. Kadaré é sempre a Albânia que teve de abandonar. Nele pulsa ininterruptamente a força telúrica, os costumes incríveis que por lá se vivem. Desta vez, a vingança estabelecida, a revanche, a vendeta oficializada. Pesado, duro, onde o amor pugna por entrar e não consegue. O destino –como nas tragédias de Shakespeare- está à espreita. E a na luta por safar-se do destino afloram os sonhos, as tentativas de ser humano, que são destroçadas –como o mês de Abril- porque a tradição, tremenda, esmaga os homens.