Roberto Adami Tranjan: “Metanóia”
Ed. Gente. São Paulo,2002. 200 pgs.
Ganhei este livro de um amigo. Enviou-me como presente de Natal, e vinha com a dedicatória do autor que, segundo parece, é conhecido do meu amigo. “Para rever conceitos” – escreveu antes da assinatura. Nada mais lógico, pois este é o subtítulo do livro: Uma história de tomada de decisão que fará você rever seus conceitos. O autor, que trabalha profissionalmente como consultor de empresas, propõe um modelo audacioso na gestão dos negócios. Não se pode dizer que são conceitos novos, porque muitos deles já os temos lidos em obras análogas, talvez expostos sob outros nomes ou predicados. A galinha dos ovos de ouro, que é preciso cuidar, ao invés de apenas prestar uma atenção avarenta aos ovos; afiar o machado –dar-se um tempo, cuidar de si- para continuar cortando com eficácia; o círculo de influencia e muitos outros são elementos familiares de obras como os Sete Hábitos das pessoas eficazes, ou Liderança centrada em princípios de Stephen Covey. Nesta obra, servindo-se da história fictícia de uma empresa em crise, recomenda voltar-se para o cliente, conhecer o foco e as possibilidades da própria empresa, tornar os colaboradores elementos motivados e empreendedores, e unir empresa e vida com os mesmos valores. Tudo isto, sem esquecer-se de avaliar os indicadores de desempenho, que vão muito além do balanço financeiro.
Na verdade, mais do que descortinar novos conceitos, trata-se de lembrar assuntos importantes que, na voragem do dia a dia, acabamos esquecendo. O homem é um ser que esquece, diziam os antigos. E é verdade, esquecemos o que realmente importa, o essencial; e, perdidos nos detalhes e minúcias –que esses fatalmente sempre lembramos- não conseguimos encontrar o caminho de volta: para o sucesso profissional e para centrar a própria vida. Por isso, este livro tem o seu mérito, porque ajuda a lembrar, de modo ameno, conceitos que sempre devem ser revistos. Talvez progredir na vida seja basicamente isso: lembrar, sem cansar-se, dos valores, das raízes, manter o foco. Sem nunca dar-se por satisfeito ou suficientemente instruído. Já dizia outro autor: “Se dizes basta, estás perdido”. Não é um moderno consultor de lideranças, mas Santo Agostinho, que muito entendia também de gestão de pessoas, no século IV.