Diálogos com a Consciência: Dois filmes como largada de Reflexões
Locke. (Locke) Diretor: Steven Knight . Tom Hardy. 85 min. USA 2013.
Culpa. (Den skyldige). Diretor: Gustav Möller. Jakob Cedergren. 85 min. Dinamarca. 2018.
Vi os dois filmes há tempo. Mais de uma vez. A dívida vinha se acumulando, acrescida de juros: comentário de algum amigo, outros perguntando minha opinião, e até um cine fórum onde o amplo espectro de opiniões enriqueceu uma tarde de sábado. Diversidade de opiniões, expressão que incorporei na minha infância, vinda dos críticos das touradas, quando a festa nacional espanhola era ainda politicamente correta.
Alguém poderia perguntar: de que dívida você fala? Por que acumular dívidas sobre você mesmo ao invés de assistir tranquilamente os filmes, trocar duas impressões com quem está por perto, e passar para o próximo? Diríamos que é uma questão de consciência, por sintonizar com o tema que nos ocupa.
Há alguns anos li um ensaio denso e substancioso que abordava o tema da Liderança Ética. O que mais me marcou foi uma cita sobre a consciência. Impactou-me especialmente pela fonte: Nietzsche, quer dizer, nada suspeita. Utilizei-a muitas vezes em palestras, conferência, aulas….e para mim mesmo, pois disso se trata aqui. Referindo-se à atitude que chamaríamos exame de consciência (nem imagino como a denominaria Nietzsche) aponta: “Fiz isto, diz a minha memória. Não, eu nunca pude ter feito isto, diz o meu orgulho, e permanece inflexível. Finalmente, é a memória a que acaba cedendo.”
Talvez a dívida que sinto acumular-se e que me impulsiona a rascunhar estas linhas tenha a ver com não permitir que a memória se apague; neste caso, nem tanto por orgulho, mas por omissão, por deixar o tempo passar e não contribuir para que outros coloquem o tema em pauta, e nas suas vidas.Leia mais