FLORES DE AÇO
(Steel magnolias) Diretor: Hebert Ross. Julia Roberts, Sally Field, Dolly Parton, Shirley MacLaine, Olympia Dukakis. USA.l989. 114 min

Agradou-me Flores de Aço por deparar-me com um filme profundamente humano: sentimentos, problemas familiares, amizade, e -justo é reconhecê-lo- heroísmo brilhando com naturalidade. Surpreende como num ambiente com pitadas de frivolidade, que se inclina pelo materialismo, possam surgir estes valores. A explicação mais plausível é que “Flores de Aço” é um filme completamente americano.

Uma cidade do interior, onde cada uma das personagens -muito bem conseguidas- reflete esse modo de ser simples, transparente, ingênuo até, um pouco primário: enfim, bem americano. Os vícios não são pensados nem requintados: afloram espontaneamente, fruto da desinformação e da falta de reflexão. As virtudes são também irrefletidas, sem cultivo, impulsos de sentimentos -bons sentimentos- e de generosidade. Qualquer outra interpretação nos faria suspeitar das boas ações das personagens, pois há muitas. Não são falsos: são, simplesmente, primários.

Julia Roberts é a enfermeira diabética prestes a casar. Sua saúde é delicada e a perspectiva de engravidar não é isenta de risco. Sally Field, que é mãe, dispensa ser avó; mais do que dispensar, decide em benefício da filha. Compreensível, mas não desculpável. O carinho que brota do coração materno deve estar temperado com o desprendimento para se equilibrar. Também isso é doação. Quando falta o condimento do desapego o egoísmo azeda o amor. E, afinal, cada um precisa viver a fundo sua própria vida.
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