Juan Manuel de Prada: La Nueva Tiranía.

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Juan Manuel de Prada: La Nueva Tiranía. Libroslibres. Madrid. 2009.  350 págs.

Coleção de artigos publicados principalmente em ABC e em XL Semanal, onde o autor exprime-se à vontade, sem nenhuma classe de eufemismo. O estilo é direto, jornalístico, às vezes excessivamente saturado de epítetos –o que mostra o caráter apaixonado de Prada- e permeado de divertidos traços  de casticismo hispânico.  Vai direto ao ponto que lhe interessa e dá o recado de modo claro.

As críticas mordazes e destruidoras à esquerda espanhola de hoje (PSOE e todos os sucedâneos), sem poupar a direita medíocre e sem propostas. As raízes cristãs e católicas colocadas sem tapumes, com interessantes crônicas dos dias Romanos que rodearam a morte de João Paulo II, onde o autor desempenhava a função de correspondente no Vaticano. Suas raízes familiares, as saudades do cinema de sempre, os autores e personagens que marcaram sua formação, e as considerações que ele mesmo faz do Evangelho e da Doutrina Cristã, tudo escrito num estilo desenfadado, claro, contundente e ameno.

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Mercedes Salisachs. Desde la dimensión intermedia.

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Mercedes Salisachs. Desde la dimensión intermedia. Ed. BSA. Barcelona. 2006. 453 págs.

Excelente romance da veterana MS, com força narrativa, prende a atenção. Um verdadeiro exame de consciência, desde a dimensão intermédia, das coisas que valem a pena na vida, e das que são simples miragens. Sem medo de mostrar a condição humana, sem camuflagem, mas com elegância e estilo. Um bom investimento do tempo

Jonathan Littell: “As Benevolentes”.

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Jonathan Littell: “As Benevolentes”.Alfaguara. Objetiva. Rio de Janeiro. 2006.

Memórias de Maxiliam Aue, oficial da SS, narradas pelo autor que é judeu. Ele mesmo declara que teria sido incapaz de descrever os horrores atribuídos aos nazistas desde uma perspectiva neutra; era necessário colocar-se no papel do carrasco, e assim o faz.

Os dados são abundantes e fruto de uma longa pesquisa do autor. As personagens –provavelmente muitas delas- são reais. O cerco de Stalingrado, as matanças de bolcheviques e alemães, os campos de concentração com a eliminação de milhões de judeus, o bombardeio de Berlim são narrados de modo exaustivo, sem poupar dados, nomes, números.

O protagonista é um homem culto, educado na França, que está identificado com o ideal do nacional socialismo. E chama a atenção, como um homem com essa cultura, e que alberga sentimentos para com o próximo, tem uma vida pessoal completamente desequilibrada. O comedimento que apresenta diante dos excessos contínuos de violência dos seus colegas, é apenas um modo de resguardar-se. Os impulsos –e ações- homossexuais, os desejos reiterados de incesto, o desequilíbrio emotivo que lhe faz sofrer contrastam com o perfil de um homem educado, de ampla cultura. As descrições de mau gosto –incluídos os sonhos patéticos do protagonista- não são poupadas ao longo das quase 900 páginas. 

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AS PONTES DE MADISON

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(The Bridges of Madison County). Diretor: Clint Eastwood. Clint Eastwood, Meryl Streep, Annie Carley. USA 1995. 131 min

Hoje, finalmente, vi “As pontes de Madison”. Pairavam dúvidas nos comentários desencontrados que foram chegando nos últimos dias. Uma indicação precisa, mas com fios soltos. Uma aprovação desbotada, com certo ar de mistério. Havia que encontrar um espaço, no fim da tarde, para assistir.

            Começo sóbrio, até trivial. Por enquanto um baú, cadernos de memórias. Parece filme feito para televisão. Que alívio: um flashback, ainda bem. Como serão essas pontes? Mas as pontes não aparecem; apenas uma cozinha, uma fazenda no interior do Iowa, e uma quarentona de andar maduro, e -assim me parece- até um pouco torto. Uma rádio de válvulas sintoniza a emissora – talvez a única-, que transmite ópera. Ouve-se “Casta Diva”. É a ária de Norma, sacerdotisa dos druidas, que, infiel ao seu voto de virgindade aos deuses, teve um caso com um romano invasor. Dois filhos. Agora canta a pureza da lua. A música de Bellini emociona. O clímax está armado.

            As pontes cobertas de Madison County são simples pontes. Com todo o respeito da National Geographic, nada fora do comum. A fotografia do filme é adequada, e o cenário não possui nenhum encanto peculiar. Uma armação mínima para a entrada em cena das personagens: a quarentona e o fotógrafo, que já passou, folgado, dos cinquenta. O filme bem poderia chamar-se “Francesca” porque ela é tudo. Tudo com maiúscula. A mulher que cozinha molho de macarrão, anda sem cadência, e ouve ópera. Meryl Streep é Francesca. No mano a mano, Clint Eastwood, que fotografa pontes e dirige o filme, contracena sobriamente, faz de espelho, emoldura talvez, o desempenho fabuloso da atriz que supera qualquer crítica. Os dois, e, principalmente ela, Francesca, fazem nos sentir na cozinha de Iowa, com cenoura ralada, como num restaurante de Paris.

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King Kong: Seus amores a modo de epílogo temporão

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King- Kong. Dir: Peter Jackson. Naomi Watts, Adrien Brody, Jack Black, Andy Serkis. 187m. 2005.

Fui assistir King Kong. Gostei imenso. Na hora não soube dizer por que mas havia algo diferente no olhar do gorila. Algo muito humano, delicado; nestes tempos em que nos empenhamos em “humanizar tudo, inclusive os homens”. Paradoxo curioso. Como diriam os antigos: O tempora, O moris!.

            O livro -um dos vários que escrevi sobre cinema- já estava pronto. Agora nas revisões finais, diagramação, tipografia. Por conta dos artistas gráficos. Mas as idéias não param, nem pedem licença. E o cinema provoca reflexão, nos faz pensar; o tempo todo, e quando menos esperamos lá está ela, nos surpreendendo, a idéia inesperada, que como filho temporão vem alegrar os pais que já aposentavam a paternidade, pensando em ser avós.

            Abro o computador e encontro um email da minha irmã, a professora de filosofia, mãe de família, que educa filhos e alunos com cinema também. Comentários contundentes, que escrevo de cor, ao sabor da lembrança. Dizia algo assim como: “Não vi a primeira versão, a dos anos 30. Mas esta me parece simbólica. Uma tentativa de resgate do verdadeiro feminismo e da masculinidade real, do homem que toda mulher gostaria de ter por perto”. Do homem? –pensei, eu. Mas estamos falando de um gorila. Que homem é esse que se disfarça de gorila e seduz as mulheres? Continuava o email: “Um homem que se bate por ela, defende ela até o final, sonha e vive para ela, e aprende com ela, o tempo todo”. Isto vindo de uma mulher que pensa e ensina sobre feminismo é completamente livre de suspeita. O que veem as mulheres em King Kong, perguntei-me? Vai ver que é o mesmo que eu vi, e senti, e por isso gostei! E, desta surpresa nasceu o presente texto, a modo de um epílogo temporão do livro….que, agora sim, estava terminado.

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Uma segunda chance

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(Regarding Henry) Diretor: Mike Nichols. Harrison Ford, Annette Bening. USA 1991. 107 min.

Regarding henryMergulhados, como vivemos, num cinema de paixões e violência, respiramos aliviados quando a imprensa notifica o aparecimento de um filme “romântico, como os de antigamente”. E sem ligar para toda essa “água com açúcar” que a crítica – intelectual, adulta, etc.- nos despeja, vamos à procura do filme.

Lá deve estar perdido, empoeirado, nas prateleiras da locadora mais próxima. Esse era o meu ingênuo pensar quando fui atrás de “Uma segunda chance”. Não está? Mas, como é possível? Nenhuma das cinco cópias? E não estava mesmo. Foi preciso cinco semanas e várias tentativas -sem êxito- de reserva para, finalmente ontem, pegar da mão de um usuário, a fita que estava devolvendo. Por que tanta dificuldade tratando-se de um filme doce, sem pretensões? Água, açúcar…… A turma gosta mesmo é de bala, pensei. E me instalei na frente do vídeo, disposto a desvendar o mistério.

Harrison Ford, o ator de moda. Lá está ele. Uma bala no cérebro. Beirando a morte, a lenta recuperação. E as surpresas. Não vou contá-las, perderia força. Toda uma filosofia da conversão, envolvida em celuloide: a metodologia da mudança. Um reflexo oculto daquilo que muitos desejariam, nem que fosse às custas de uma bala no lobo frontal. Isso é o que atrai neste filme de Mike Nichols.

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Dr. Pablo González Blasco entrevistado pela revista Médico Reporter

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Dr Pablo2Apesar da implantação do programa “Saúde da família”, a formação de profissionais especializados na área de medicina da família ainda não é representativa nas universidades brasileiras. Atuando nesse vácuo, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa) procura desenvolver um trabalho de capacitação de profissionais para atender a essa demanda da população, através de cursos e programas de residência médica para recém-formados.

Entrevistado pela revista Médico Repórter, o Dr. Pablo González Blasco, diretor científico da entidade, fala das dificuldades enfrentadas por um médico de família no País e também da relação desse profissional com a população, com a área acadêmica e com as autoridades governamentais. Apesar da implantação do programa “Saúde da família”, a formação de profissionais especializados na área de medicina da família ainda não é representativa nas universidades brasileiras. Atuando nesse vácuo, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa) procura desenvolver um trabalho de capacitação de profissionais para atender a essa demanda da população, através de cursos e programas de residência médica para recém-formados.

Entrevistado pela revista Médico Repórter, o Dr. Pablo González Blasco, diretor científico da entidade, fala das dificuldades enfrentadas por um médico de família no País e também da relação desse profissional com a população, com a área acadêmica e com as autoridades governamentais.

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De los principios científicos para la acción: el idealismo práctico de la medicina de familia

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Medicina de familia es la práctica médica centrada en la persona, no en la enfermedad. El médico de familia es el médico personal, médico de cabecera, como se le llamaba en otras épocas. Tiempos pasados cuando la medicina tenía que ser así o no era medicina. No había entonces otros recursos para atender al paciente, ni tecnología que nos pudiera distraer del enfermo para centrarnos en la molestia. Los tiempos mudan, el progreso técnico evoluciona, pero el espíritu de la medicina de familia permanece. No obstante, ahora se hace necesario explicar —para enseñar y aprender— lo que antes se intuía y se practicaba espontáneamente. La medicina de familia tiene ahora la obligación de volverse explícita, de presentarse como ciencia con las credenciales que le confieren su cuerpo propio de conocimientos, sus métodos y sus líneas de investigación. No basta la intuición o el sentido común. Hay que abrir- se camino para, en versión moderna y actual, promover el protagonismo del paciente frente a la enfermedad. Y en esta misión, sublime, la medicina familiar se engrandece y define su identidad, que es, hoy como siempre, estar al servicio del enfermo, de la persona.

“El médico de familia no es el médico de su estómago, ni de su depresión, ni de su diabetes, ni de su artrosis. Cuida de todas estas cosas, pero es algo más. Es… su médico.” Esta sencilla frase con la que nos colocamos a disposición de nuestros pacientes es tal vez la definición más clara de lo que somos y de lo que hacemos. Algo que el paciente entiende a la primera, que busca con más o menos conciencia, que necesita y de lo que se resiente cuando le falta, sin que le sirva de consuelo la técnica más moderna o el creciente progreso médico.

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O médico de família, hoje

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     Medicina de família, médico de família. Uma moda que volta? Um retrocesso saudosista que abre mão dos progressos da ciência e da medicina? Ou talvez um oportunismo no vácuo de um programa do Governo –Programa de Saúde da Família- que chega com ares messiânicos como solução de todos os problemas de saúde do cidadão comum? Afinal, o que é medicina de família, onde estão os tais médicos de família?

     Duas historias para esclarecer os termos. Em certa ocasião, já faz alguns anos, atendi um chamado médico na casa de uma família que me procurou, por indicação, sem conhecer-me. Apresentei-me na porta, atendi o paciente, expliquei para a família o que estava acontecendo, fiz as prescrições necessárias, assim como as recomendações para cuidar do enfermo, e aceitei, de bom grado, o cafezinho que me ofereceram. Neste momento de descontração, cumprido o dever profissional, a filha do paciente confessou:

– Posso lhe dizer uma coisa. Doutor?
Assenti com um sorriso.
– A amiga que me recomendou o Sr, disse-me que era médico de família. Eu, para ser franca, esperava ver entrar pela porta um velhinho com aquelas malas antigas, vestindo um terno com colete e….
– Ficou decepcionada? –perguntei.
– Não, de modo algum. Mas é que hoje em dia não se vem médicos de família por ai. Eu lembro quando era criança que o médico da cidade do interior onde a gente morava, sempre ia em casa, e mal entrava já sabia o que nós tínhamos… Morreu faz tempo, nós mudamos e nunca mais tivemos um médico assim. Hoje é tudo muito complicado, exames, hospitais, e a gente não sabe o que acontece com a gente…..
– Mas, a senhora pergunta para os médicos?- Eles não explicam nada, falam entre eles numa linguagem que a gente não entende. Hoje o médico nem te examina, pede exames, não olha para você. Uma pena isso de não ter mais médicos de família, aquilo sim que era bom.
– Mas, minha senhora está falando com um deles… – Será que isso vai voltar, doutor?
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O ÚLTIMO SAMURAI: LIDERANÇA, HONRA E SERVIÇO

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(The Last Samurai) Diretor: Edward Zwick.Tom Cruise, Ken Watanabe, Billy Connolly, Tony Goldwyn, Masato Harada, Masashi Odate. 154min. 2003.

O diretor Edward Zwick, que fizera Tempos de Glória, continua seduzido pelo sentimento do dever, temperado com lealdade e coragem, e nos transporta até o Japão, aquela terra que é feita de homens que sabem o que vale a sua honra. E até lá leva o capitão Nathan Algren, que também vestiu o uniforme azul da União, dos Ianques. Apresentado como herói é, na verdade, um fracassado, um bêbado. O Japão sofre um processo de modernização e os Samurais, criaturas medievais cujo único motivo de viver é servir ao Imperador –isso significa Samurai, servir- além de tornarem-se obsoletos são um obstáculo conservador que emperra as tentativas de importar armamentos modernos e tecnologia americana. Por essas ironias do destino, Nathan Algren –um Tom Cruise maduro- que deveria treinar o exército imperial para combater os Samurais, acaba trocando de bando e, se metamorfoseia num autêntico Samurai.

            O aprendizado não é fácil. Desconhece as artes bélicas dos Samurais, e, mais do que isso, não pensa como tal, ou melhor, pensa por demais no que não interessa. “Você tem muitas coisas na mente. Esvazie a mente. Do contrário nunca aprenderá a lutar”. Sábio conselho que serve para progredir na arte de combate dos Samurais e na vida mesma: querer fazer algo, pensando no que se deixou de fazer, ou no que terá de ser feito depois, é garantia de fracasso. Uma coisa por vez, uma coisa após a outra; e, como bem sintetizou um sábio pensador, aprender a fazer o que se deve, estando –de fato, cabeça e coração- naquilo que se está fazendo nesse momento. Conselho fácil de pronunciar que se converte em verdadeiro programa de vida na hora de colocá-lo em prática.

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