Uma segunda chance

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(Regarding Henry) Diretor: Mike Nichols. Harrison Ford, Annette Bening. USA 1991. 107 min.

Regarding henryMergulhados, como vivemos, num cinema de paixões e violência, respiramos aliviados quando a imprensa notifica o aparecimento de um filme “romântico, como os de antigamente”. E sem ligar para toda essa “água com açúcar” que a crítica – intelectual, adulta, etc.- nos despeja, vamos à procura do filme.

Lá deve estar perdido, empoeirado, nas prateleiras da locadora mais próxima. Esse era o meu ingênuo pensar quando fui atrás de “Uma segunda chance”. Não está? Mas, como é possível? Nenhuma das cinco cópias? E não estava mesmo. Foi preciso cinco semanas e várias tentativas -sem êxito- de reserva para, finalmente ontem, pegar da mão de um usuário, a fita que estava devolvendo. Por que tanta dificuldade tratando-se de um filme doce, sem pretensões? Água, açúcar…… A turma gosta mesmo é de bala, pensei. E me instalei na frente do vídeo, disposto a desvendar o mistério.

Harrison Ford, o ator de moda. Lá está ele. Uma bala no cérebro. Beirando a morte, a lenta recuperação. E as surpresas. Não vou contá-las, perderia força. Toda uma filosofia da conversão, envolvida em celuloide: a metodologia da mudança. Um reflexo oculto daquilo que muitos desejariam, nem que fosse às custas de uma bala no lobo frontal. Isso é o que atrai neste filme de Mike Nichols.

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Dr. Pablo González Blasco entrevistado pela revista Médico Reporter

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Dr Pablo2Apesar da implantação do programa “Saúde da família”, a formação de profissionais especializados na área de medicina da família ainda não é representativa nas universidades brasileiras. Atuando nesse vácuo, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa) procura desenvolver um trabalho de capacitação de profissionais para atender a essa demanda da população, através de cursos e programas de residência médica para recém-formados.

Entrevistado pela revista Médico Repórter, o Dr. Pablo González Blasco, diretor científico da entidade, fala das dificuldades enfrentadas por um médico de família no País e também da relação desse profissional com a população, com a área acadêmica e com as autoridades governamentais. Apesar da implantação do programa “Saúde da família”, a formação de profissionais especializados na área de medicina da família ainda não é representativa nas universidades brasileiras. Atuando nesse vácuo, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família (Sobramfa) procura desenvolver um trabalho de capacitação de profissionais para atender a essa demanda da população, através de cursos e programas de residência médica para recém-formados.

Entrevistado pela revista Médico Repórter, o Dr. Pablo González Blasco, diretor científico da entidade, fala das dificuldades enfrentadas por um médico de família no País e também da relação desse profissional com a população, com a área acadêmica e com as autoridades governamentais.

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De los principios científicos para la acción: el idealismo práctico de la medicina de familia

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Medicina de familia es la práctica médica centrada en la persona, no en la enfermedad. El médico de familia es el médico personal, médico de cabecera, como se le llamaba en otras épocas. Tiempos pasados cuando la medicina tenía que ser así o no era medicina. No había entonces otros recursos para atender al paciente, ni tecnología que nos pudiera distraer del enfermo para centrarnos en la molestia. Los tiempos mudan, el progreso técnico evoluciona, pero el espíritu de la medicina de familia permanece. No obstante, ahora se hace necesario explicar —para enseñar y aprender— lo que antes se intuía y se practicaba espontáneamente. La medicina de familia tiene ahora la obligación de volverse explícita, de presentarse como ciencia con las credenciales que le confieren su cuerpo propio de conocimientos, sus métodos y sus líneas de investigación. No basta la intuición o el sentido común. Hay que abrir- se camino para, en versión moderna y actual, promover el protagonismo del paciente frente a la enfermedad. Y en esta misión, sublime, la medicina familiar se engrandece y define su identidad, que es, hoy como siempre, estar al servicio del enfermo, de la persona.

“El médico de familia no es el médico de su estómago, ni de su depresión, ni de su diabetes, ni de su artrosis. Cuida de todas estas cosas, pero es algo más. Es… su médico.” Esta sencilla frase con la que nos colocamos a disposición de nuestros pacientes es tal vez la definición más clara de lo que somos y de lo que hacemos. Algo que el paciente entiende a la primera, que busca con más o menos conciencia, que necesita y de lo que se resiente cuando le falta, sin que le sirva de consuelo la técnica más moderna o el creciente progreso médico.

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O médico de família, hoje

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     Medicina de família, médico de família. Uma moda que volta? Um retrocesso saudosista que abre mão dos progressos da ciência e da medicina? Ou talvez um oportunismo no vácuo de um programa do Governo –Programa de Saúde da Família- que chega com ares messiânicos como solução de todos os problemas de saúde do cidadão comum? Afinal, o que é medicina de família, onde estão os tais médicos de família?

     Duas historias para esclarecer os termos. Em certa ocasião, já faz alguns anos, atendi um chamado médico na casa de uma família que me procurou, por indicação, sem conhecer-me. Apresentei-me na porta, atendi o paciente, expliquei para a família o que estava acontecendo, fiz as prescrições necessárias, assim como as recomendações para cuidar do enfermo, e aceitei, de bom grado, o cafezinho que me ofereceram. Neste momento de descontração, cumprido o dever profissional, a filha do paciente confessou:

– Posso lhe dizer uma coisa. Doutor?
Assenti com um sorriso.
– A amiga que me recomendou o Sr, disse-me que era médico de família. Eu, para ser franca, esperava ver entrar pela porta um velhinho com aquelas malas antigas, vestindo um terno com colete e….
– Ficou decepcionada? –perguntei.
– Não, de modo algum. Mas é que hoje em dia não se vem médicos de família por ai. Eu lembro quando era criança que o médico da cidade do interior onde a gente morava, sempre ia em casa, e mal entrava já sabia o que nós tínhamos… Morreu faz tempo, nós mudamos e nunca mais tivemos um médico assim. Hoje é tudo muito complicado, exames, hospitais, e a gente não sabe o que acontece com a gente…..
– Mas, a senhora pergunta para os médicos?- Eles não explicam nada, falam entre eles numa linguagem que a gente não entende. Hoje o médico nem te examina, pede exames, não olha para você. Uma pena isso de não ter mais médicos de família, aquilo sim que era bom.
– Mas, minha senhora está falando com um deles… – Será que isso vai voltar, doutor?
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O ÚLTIMO SAMURAI: LIDERANÇA, HONRA E SERVIÇO

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(The Last Samurai) Diretor: Edward Zwick.Tom Cruise, Ken Watanabe, Billy Connolly, Tony Goldwyn, Masato Harada, Masashi Odate. 154min. 2003.

O diretor Edward Zwick, que fizera Tempos de Glória, continua seduzido pelo sentimento do dever, temperado com lealdade e coragem, e nos transporta até o Japão, aquela terra que é feita de homens que sabem o que vale a sua honra. E até lá leva o capitão Nathan Algren, que também vestiu o uniforme azul da União, dos Ianques. Apresentado como herói é, na verdade, um fracassado, um bêbado. O Japão sofre um processo de modernização e os Samurais, criaturas medievais cujo único motivo de viver é servir ao Imperador –isso significa Samurai, servir- além de tornarem-se obsoletos são um obstáculo conservador que emperra as tentativas de importar armamentos modernos e tecnologia americana. Por essas ironias do destino, Nathan Algren –um Tom Cruise maduro- que deveria treinar o exército imperial para combater os Samurais, acaba trocando de bando e, se metamorfoseia num autêntico Samurai.

            O aprendizado não é fácil. Desconhece as artes bélicas dos Samurais, e, mais do que isso, não pensa como tal, ou melhor, pensa por demais no que não interessa. “Você tem muitas coisas na mente. Esvazie a mente. Do contrário nunca aprenderá a lutar”. Sábio conselho que serve para progredir na arte de combate dos Samurais e na vida mesma: querer fazer algo, pensando no que se deixou de fazer, ou no que terá de ser feito depois, é garantia de fracasso. Uma coisa por vez, uma coisa após a outra; e, como bem sintetizou um sábio pensador, aprender a fazer o que se deve, estando –de fato, cabeça e coração- naquilo que se está fazendo nesse momento. Conselho fácil de pronunciar que se converte em verdadeiro programa de vida na hora de colocá-lo em prática.

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Medicina de Família: Ciência e Arte com Metodologia Acadêmica

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Uma simples pergunta

O que faz um médico de família? Ao que se dedica? Qual é o seu papel? Esta pergunta é a seqüência quase obrigatória quando o interlocutor responde a primeira e aparentemente inocente questão: Você é médico! Qual a sua especialidade? A resposta –sou médico de família- dispara a segunda pergunta, acima enunciada, e com ela inicia-se todo um processo que pode levar horas de explicações, surpresas, desentendimentos, fascinação ou desprezo. A personagem interrogada neste diálogo, pode ser um médico, geralmente jovem, no início da vida profissional;.ou, cada vez com mais freqüência, um estudante que também deverá explicar ao seu curioso inquiridor os motivos pelos quais decidiu enveredar por estes caminhos da medicina de família durante a sua formação acadêmica universitária.

Em artigo publicado na Revista Médica da Universidade de Kansas1, o Dr. Joshua Freeman, Professor Titular do Departamento de Medicina de Família explica o que ele, como médico de família, costuma fazer: “Vejo as pessoas, escuto-as, falo com elas, tento descobrir quais são os seus problemas de saúde, procuro auxiliar com todo e qualquer conhecimento que possuo para, junto com eles, estabelecermos objetivos conjuntos a conseguir e depois tento ajudá-los a alcançar estas metas”. O artigo-reportagem leva por título a sugestiva manchete: “A essência da medicina de família não muda. Após três décadas esta disciplina continua definindo sua identidade por meio do vínculo entre médicos e pacientes”. Dificilmente se pode expressar o papel do médico de família de modo tão amplo e abrangente, sendo ao mesmo tempo extremamente metodológico e objetivo, como o faz o Dr. Freeman.

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AS CONFISSÕES DE SCHMIDT

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AS CONFISSÕES DE SCHMIDT (About Schmidt). Diretor: Alexander Payne. Jack Nicholson, Hope Davis, Katy Bathes. 124 min.

Cada filme tem o seu público. Alguns, propositadamete ou não, tem um alvo claro. Já dizia Kant que não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos. Cada um ve a realidade do seu jeito, e lhe atinge de acordo com o local onde lhe aperta o sapato. Quando cito esse pensamento de Kant nas minhas aulas, costumo complementar o raciocíonio com uma breve poesia de Fernando  Pessoa que surpreendi na escrita na parede do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, junto do restaurante do segundo andar. Diz: “A vida é o que fazemos dela/ As viagens são os viajantes/ O que vemos não é o que vemos/ Senão o  que somos” É o mesmo que afirmava o filósofo alemão, de modo mais poético. Vemos o que somos, digerimos a realidade de acordo com a nossa sensibilidade que governa a percepção.

            Se dizer que as viagens são os viajantes –dependendo com quem se viaja, o resultado é completamente diferente- , é algo sobre o que estamos todos de acordo, e não merece maiores comentários, já o pensamento de que a vida é o que fazemos dela encaixa perfeitamente com o filme sobre Schmidt e, esse sim, tem provocado crises. O público do filme, quando beira a idade do protagonista, soberbamente interpretado por Jack Nicholson, entra em resonância com as reflexões colocadas em cima do tapete. E quando a audiência é jóvem, bastam alguns comentários simultâneos para obrigar a todos a pensar.

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A Medicina de Família: um Caminho para Humanizar a Medicina

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O Humanismo volta a estar na moda, ou pelo menos na boca de muitos. E se os que falam estão de algum modo congregados na área da assistência à saúde, o comum denominador das queixas, e dos desejos de melhora, acaba sendo a humanização, quer dizer, a falta da mesma. Reclama-se maior humanização na saúde, na medicina. Uma reclamação que se assemelha ao desejo imperioso de respirar ar puro após estar encerrado num ambiente enrarecido. Ou como a curiosa sensação, metade dor, metade vazio, com que o estômago clama por alimento. Algo semelhante ao que dizia o filósofo Ortega y Gasset, referindo-se à invocação pela ética ausente, que é outra reivindicação atual: é como a dor que sente o membro fantasma, aquele que foi amputado e não existe mais. Reclamação e desejo comum, de algo que falta sem se saber exatamente o que é, ou como se adquire. São sinais do nosso tempo, órfão de conceitos, saturado de emoções difusas, parestésicas, de difícil localização. Sente-se a ausência de algo, não se sabe exatamente o que falta, e muito menos se conhece o caminho que nos pode levar a sarar essa deficiência. Por isso, se pretendemos aprofundar no tema, não teremos mais remédio que iniciar-nos numa série de reflexões, aparentemente simples, mas de vital importância para delimitar o tema de que estamos falando.

Devemos nos perguntar, em primeiro lugar, o que é seja humanismo, e qual a relação que, nós médicos, temos com semelhante conceito. A seguir, se de verdade comprovamos que o humanismo é necessário para o bom andamento da medicina, teríamos que nos interrogar sobre como isto se encaixa dentro do nosso universo; em outras palavras, o que teria de ser humanizado, ou pelo menos, reconstruído e repensado desde a perspectiva do humanismo. Finalmente, qual o papel que a Medicina de Família tem em todo este processo de humanização.

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UMA LIÇÃO DE AMOR

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 (I am Sam) Diretor:  Jessie Nelson. Sean Penn, Michelle Pfeiffer, Laura Dern. 132 min. USA 2001.

É mesmo de amor a lição que Sam, um oligofrênico com idade mental de sete anos nos transmite nas duas horas de filme. Uma feliz tradução do título original já que Sam entende apenas de Beatles e de amor. Um amor sólido, comprometido e forte que educa, e faz crescer a filha que, provavelmente por acidente, acabou tendo de uma mãe que com rápido egoísmo se desentende de ambas as criaturas. A menina alcança em idade o limite de compreensão mental que o pai possui e o Estado, ciumento aplicador de leis, entende que Sam não terá capacidade para educar a filha que vai cumprir os 8 anos. Tudo muito lógico, faz sentido, se pensamos nos problemas ordinários que a educação traz para os pais, e os desafios que deverão enfrentar.  Afinal, como alguém que não vai além de um raciocínio próprio de uma criança de sete anos será capaz de educar uma adolescente?

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A HISTORIA DE NÓS DOIS: CONSTRUINDO UMA FAMÍLIA

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(The history of us). Diretor: Rob Reiner. Bruce Willis, Michelle Pfeiffer. 98 min.

A vida é cheia de problemas e eventualidades. Ou melhor, os problemas e dificuldades são parte da vida. Demoramos em entender –não na teoria, mas vitalmente- esta simples questão. E do modo como nos situamos defronte às contrariedades, nos construímos ou nos esfacelamos. “A vida é terra/ e vive-la é lodo” – diz Fernando Pessoa. O que em livre interpretação significa que a teoria –a terra- nos suja, nos meleca, quando a colocamos em prática. Mas o poeta nos dá pistas para navegar no meio desse lodo vital, e continua: “Tudo é maneira, diferença ou modo. Em tudo quanto faças se só tu. Em tudo quanto faças se tu todo”.  A solução está em como se encara a vida, e não em almejar uma vida sem problemas, que é como um círculo quadrado: uma miragem.

            Os atritos familiares e as discussões são pedaços da vida. Pretender construir uma família sem problemas levaria ao campo da ilusão, fugiria da realidade. Com seu monumental bom senso, Chesterton dizia que “querer liberar o camelo da sua corcova, seria liberá-lo de ser camelo”. As dificuldades de entendimento de uma família são uma realidade necessária do convívio entre pessoas limitadas, que possuem virtudes e defeitos, e que na superação dos desentendimentos com o amor –com a diferença, a maneira e o modo como se encaram- se constroem solidamente.

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