TEMPOS DE GLORIA
(Glory) Diretor: Edward Zwick. Matthew Broderick, Denzel Washington, Morgan Freeman. USA 1989. 110 min

Mesmo os que –por gosto ou por profissão- guardamos uma certa intimidade com o cinema, não estamos livres das surpresas que os filmes nos trazem. Surpresas que vem em forma de ressonância afetiva que muda, com o tempo; talvez por que somos nós os que mudamos, e quando nos defrontamos com o mesmo filme, surgem temáticas diferentes, “insights”, porque nós já somos outros. Lembro de um livrinho que repousa na minha prateleira, com algumas conferências que o escritor Jorge Luis Borges pronunciou no final da vida. Numa delas –Borges Oral, chama-se o livro- o autor argentino diz que mesmo sendo cego continua a comprar livros e rodear-se da sua amável presença, porque necessita deles, dos livros. E –comenta abrindo a intimidade- que quando voltamos sobre o mesmo livro, passados os anos, parece que o livro mudou, como mudava o rio do filósofo Heráclito, que não era o mesmo, por ser diferente a água que nele circulava, impedindo-nos de nos banhar duas vezes no mesmo e idêntico rio. Na verdade, diz Borges, somos nós os que mudamos, nós é que somos outros.

Tempos de glória é um filme que exerce sobre mim um efeito similar ao que Borges descreve para os livros que lhe rodeiam. Encontro algumas anotações da primeira vez que vi este filme, sem suspeitar as surpresas que, com o passar dos anos, seriam provocadas pelos mesmos fotogramas. No seu dia o filme rendeu os seguintes comentários, que copio o textualmente dos meus arquivos.
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