O bom, o mau e o feio – ética e estética

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Este artigo foi publicado no Estadão em 03 de outubro de 2012, e é reproduzido aqui com a devida autorização do autor.

Nicolau da Rocha Cavalcanti

Quando Abraham Lincoln era presidente dos Estados Unidos, apresentaram-lhe um possível nome para compor o seu Gabinete. Recusou a proposta dizendo: “Eu não gosto da cara dele”.

“Mas, sr. presidente, qual é a culpa do coitado por ter aquela cara?”

“Todo homem acima dos 40 anos é responsável pela cara que tem.”

As propagandas eleitorais gratuitas sempre me fazem recordar esse episódio, que, se não é real, é bene trovato. É possível ver a ética pela estética? Não me refiro à estética da proporcionalidade do rosto, do bronzeado, do implante de cabelo, do silicone, da taxa de gordura; numa palavra, à estética da forma física. A questão é outra: as escolhas feitas ao longo da vida, as nossas decisões, transparecem no nosso rosto? Será que a história do Pinóquio tem um fundo de verdade? As minhas mentiras deixam marcas na minha cara?
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José Morales. “Newman (1801-1890)”

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José Morales. “Newman (1801-1890)”. Rialp. Madrid. 2010. 470 pgs.

     Agora sim encontro e desfruto com uma biografia formidável do Cardeal Newman. Há um par de anos, aventurei-me com o que pensei ser uma biografia, e resultou um mergulho enciclopédico na consciência deste fascinante personagem. A informação era muita, mas se perdia o fio cronológico. Agora, após ler este livro, seria o momento adequado para voltar sobre o anterior.

     O próprio Newman apontava que uma biografia deveria refletir adequadamente a unidade moral, identidade, crescimento harmônico e personalidade inteira do biografado. Devia conter e conjugar luzes e sombras, com a finalidade de evitar tanto a degradação como o elogio inútil. E, sobre tudo, incluir as cartas e os escritos como ingredientes essenciais. Tudo isto se consegue nesta biografia, muito bem trabalhada, pois a inclusão de citações textuais de Newman –em cartas e obras- ilustra a trajetória biográfica da personagem. No final, fecha-se o livro com o convencimento real de que chegamos a conhecer, com razoável profundidade, a personalidade do Cardeal Inglês.

     Um dos grandes ensinamentos em relação a esta vida singular é que a conversão não foi um fato isolado, a mudança de Igreja anglicana para a católica, quando contava com 45 anos de idade. Foi todo um processo de aprofundamento sério na busca da verdade e da perfeição pessoal, da união com Deus. Ainda adolescente, John Henry Newman, era critico e reflexivo, encontrava débil o cumprimento dos seus deveres para com Deus. E com 15 anos toma a decisão de comportar-se como um verdadeiro cristão, como um cristão sério. Adivinhava-se já um dos traços marcantes da sua personalidade: um homem que não sabe fazer nada pela metade.

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James Joyce: “Dublinenses”

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James Joyce: “Dublinenses”. Biblioteca Folha. São Paulo. 2003. 222 pgs.

     Foi numa viagem a Dublin, por conta de um congresso de educação. O livro estava na biblioteca, mas não me tinha decidido a lê-lo.  Encontrei-me com James Joyce, imóvel e pensativo, a poucos metros da O’Connell Street, no coração da cidade. Registrei o momento e fiz o propósito de ler Dublinenses na volta.

     Toda uma experiência: a viagem, principalmente, pois o livro não fez se não ecoar lembranças. Uma experiência vital repleta de descobertas: o mundo está cheio de Irlandeses famosos que a gente não sabe que são irlandeses. Por exemplo, o Duque de Wellington, que derrotou Napoleão em Waterloo. De escritores, nem se fale: além dos conhecidos por conquistar o prêmio Nobel – Yeats, Bernard Shaw, Samuel Beckett- e do amigo Joyce, lá estão Oscar Wilde com suas toneladas de ironia e Jonathan Swift com suas “Viagens de Gulliver”. Descobri que Swift foi Dean da Catedral de St. Patrick quando desistiu de escrever, e ali permaneceu por mais de 20 anos.

     Nem tudo é literatura na Irlanda. Há também vários prêmios Nobel da paz, e cerveja, muita cerveja, e igrejas. “Esta cidade –comentou-me um guia- tem mais de 500 Igrejas e mais de 1000 bares: temos as prioridades muito claras”. O povo reza e bebe, muito. Um dos promotores das “prioridades” foi Artur Guinness, um jovem empreendedor de 34 anos que em 1759 arrendou um terreno com uma fábrica de cerveja decadente por 9 mil anos!!! Tal era a confiança que tinha no seu futuro negócio, e ai está o império Guinness, com a cerveja preta mais famosa do mundo. O livro dos recordes –outro aprendizado- foi um efeito colateral: em 1959 um diretor de marketing foi caçar, disparou, mas a ave em questão era mais rápida do que ele pensava. Não desanimou, começou a tomar nota dos animais velozes, e de outros fenômenos: assim nasceu o livro Guinness de recordes.

     Nenhum desses personagens está presente em Dublinenses. As histórias –os contos, para ser exato- são outros. O cenário é a “querida e suja Dublin” de James Joyce, com figuras muito bem perfiladas que vivem sua vida quotidiana, com pequenas ou grandes tragédias, com sonhos e decepções, irlandeses até a medula. A leitura me transportava às ruas que semanas antes percorri com imenso gosto. Enfim, uma leitura sugestiva que, atrelada a uma viagem a Dublin, complementa uma bela experiência de vida.

A literatura como ferramenta de formação, de criação de uma cultura humanista.

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I – Alguns breves apontamentos.

O aprendizado do homem não advém única e exclusivamente da ciência, embora esta tenha o seu peso e a sua importância.

Sem dúvida alguma que o conhecimento organizado, sistematizado, e didaticamente exposto, permite uma maximização do saber.

No entanto, não podemos deixar de considerar que as artes, de uma forma geral, e a literatura, em particular, constituem ferramentas que nos permitem assumir concreta e pessoalmente valores que a ciência nem sempre consegue eficientemente transmitir e muito menos infundir. Ela possibilita uma personalização ou encarnação do que é ensinado.

Qual a importância do humanismo?

A educação convencional não tem conseguido fixar valores nas pessoas. Mesmo aquelas das quais esperamos uma atitude ética nem sempre correspondem. Há uma aprendizagem técnica, sabe-se o que é, mas não se incorporam, não se encarnam como próprios tais valores.

Não há mais tempo e espaço para um boa leitura. Há uma proliferação de informações na internet, manuais técnicos, apostilas de concursos, informações que devem servir para subir degraus, que nos levem a ganhar dinheiro rápido, reflexo do momento em que vivemos: homo-faber.

Há, por conseguinte, uma escassez de humanistas. Os resultados são desastrosos. Juizes e Administradores de empresas que não conseguem enxergar pessoas por trás dos processos. As leis que deixam de ser instrumentos a serviço da humanidade e passam a escravizar o homem. Manter o sistema tornou-se mais importante, ainda que para isto o homem tenha que sacrificar-se excessivamente, suportando um peso brutal de carga tributária e de serviços de má qualidade.

Muitos reconhecem a importância da filosofia, da ética, da literatura e da religião, mas elas se mostram, nos manuais ou nos ritos, pouco atrativas, talvez até para muitos, enfadonha.

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Javier Moro: “El Imperio eres tú”

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Javier Moro: “El Imperio eres tú”. Planeta. Barcelona (2011). 560 pgs.

     Quando chegou ao meu conhecimento que o Prêmio Planeta de 2011 tinha sido concedido a um romance que relatava a instalação do Império Brasileiro, a curiosidade catalisou o já habitual interesse com este galardão. Adquiri o livro na primeira oportunidade e chegou às minhas mãos, não sem antes pagar o pedágio costumeiro dos meus contatos na Espanha; neste caso minha irmã, professora de filosofia e leitora enciclopédica. O que foi ótimo, porque junto com o livro chegou uma avalizada opinião hispânica: “Para os que não conhecemos o Brasil, o livro, muito bem escrito, traz informações preciosas. E, naturalmente, a vontade é de conhecê-lo o quanto antes. As personagens estão descritas maravilhosamente, assim como os lugares e a enorme geografia brasileira. Grande mulher Leopoldina! D. Pedro, uma figura de cuidado…” Nas reticencias femininas pareceu-me entender uma mistura de compreensão e de amável crítica. Foi um bom ponto de partida que me espicaçou a vontade de ler, e me embrenhei no grosso volume, que consegue manter o interesse ao longo das quase 600 páginas.

Por elas desfilam as personagens muito bem delineadas. D. João VI, o rei que, a pesar das suas frequentes indecisões e pusilanimidades, foi “o único que conseguiu me enganar”, em palavras de Napoleão. A corte portuguesa se translada à colônia, deixando o general Junot, homem forte de Bonaparte, a ver navios….literalmente. Os navios que partem pouco antes da entrada dos franceses em Lisboa. Por lá desfila Carlota Joaquina, a espanhola que conspirou incansavelmente contra o trono do marido e que sempre desprezou o Brasil. Lá encontramos Maria a Louca, a Rainha Mãe, que não entendia o porquê das correrias que a forçaram a abandonar o palácio de Queluz. E Leopoldina, a arquiduquesa austríaca (uma Habsburgo legítima, bisneta de Maria Teresa de Áustria). A  futura Imperatriz do Brasil, perdidamente enamorada de Pedro, respondia com fidelidade maternal e com aprumo repleto de sabedoria às continuas infidelidades do Imperador, ajudando-lhe a construir o império, tornando-se sua melhor colaboradora e idolatrada pelo povo brasileiro. E José Bonifácio, o culto patriarca da Independência. E, naturalmente, Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, que arrastou D. Pedro à loucura, e lhe fez perder credibilidade internacional e, em longo prazo, o trono do Império.

Todas as personagens transpiram credibilidade, incarnam-se na trama, até o ponto de que o romance se funde com a história. Bem o adverte o autor que anota no final: “Os acontecimentos aqui narrados existiram realmente. As personagens, as situações, e o marco histórico são reais, e o seu reflexo fruto de uma investigação exaustiva. Dramatizei cenas e recriei diálogos em base da minha própria interpretação, para contar desde dentro, o que os historiadores contam desde fora”.

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A universidade e a formação dos médicos: reflexões humanistas a propósito do pensamento de Ortega y Gasset

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A obra “Missão da Universidade”, que recolhe as conferências que José Ortega y Gasset apresentou aos alunos da Universidade de Madrid em 1920, brinda uma série de considerações de palpitante atualidade e o ponto de partida para a reflexão que os autores elaboram no presente artigo sobre a formação dos médicos. O aluno de medicina dista muito de sair da faculdade completo e pronto para a profissão. Possui conhecimentos detalhados dos variados aspectos da ciência médica, porém lhe falta a capacidade de integrar as informações. E lhe falta um conhecimento vital do destinatário dessa ação médica integrada: do paciente. A pergunta que se impõe é se as faculdades de medicina estão, de fato, formando o profissional adequado para atender as demandas da sociedade. A universidade deve ser a projeção institucional do estudante, conforme o pensamento do filósofo espanhol. A educação universitária tem como objetivo ensinar uma profissão com competência, promover a pesquisa e agregar cultura – imprescindível para saber se posicionar no mundo – nos jovens estudantes. Cabe às faculdades de medicina estabelecer as prioridades do que realmente é possível ensinar ao médico durante os anos de formação, as noções imprescindíveis para ser um profissional competente: um desafio de pouco tempo perante um volume crescente de conhecimento, em que não podem ser os pesquisadores – mas sim os professores, verdadeiros formadores –, os que devem dirigir esse processo. Um processo que vai muito além de despejar conhecimentos e novidades, implica o desafio da formação integral de um profissional que será um formador de opinião: para tal é imprescindível o compromisso do professor.

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Leonard Sax, MD, PhD: “Boys Adrift” (Meninos à Deriva)

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Leonard Sax, MD, PhD: “Boys Adrift” (Meninos à Deriva).   Basic Books. New York . 2007.  220 pgs.

Um novo livro do autor de “Why Gender Matters“, uma variação sobre o mesmo tema. Tema importantíssimo, por sinal, pois incide certeiramente sobre aspectos básicos da educação dos jovens.

No seu primeiro livro, o Dr. Sax, médico de família com ampla experiência clínica e pesquisador na área da psicologia infanto-juvenil nos advertia da importância de considerar as diferenças assim chamadas de gênero, na educação das crianças e jovens. O que é normal para um menino de três anos –movimento, tonalidade de voz do professor- pode resultar para uma menina da mesma idade em algo sem substância (as meninas estão mais atentas às cores do que ao movimento), ou parecer que o professor lhes grita em sala de aula.

O presente livro não dispensa a leitura –atenta, por conter infinidade de exemplos- do primeiro. Mas, como o autor adverte repetidamente, este livro é sobre meninos. O seu foco é analisar os cinco elementos que, em sua opinião, contribuem para que a geração atual de adolescentes e homens jovens se encontre perdida, sem motivação, enfim, à deriva como aponta sugestivamente o título.

O primeiro fator é o momento de iniciar o colégio. Pretender que um menino de cinco anos aprenda a ler e escrever é como querer esse mesmo resultado de uma menina de três anos e meio, tal a diferença que o gênero implica. Uma educação precoce formal acaba rendendo insatisfação e distanciamento do menino, que considera o colégio algo entediante. E este sentimento se perpetua. As meninas tendem naturalmente a seguir o que a professora aponta, a satisfazer os adultos, sejam eles pais ou mestres. Não assim os meninos. E para demostrar que não é fruto da cultura, mas algo “de fábrica” (hardware), Sax traz à tona o exemplo dos chimpanzés: enquanto a fêmea filhote imita o que os adultos fazem, o filhote macho vive a vida por sua conta, sem nenhuma sintonia com a “instrução paterna”.

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Antonio Estrada: “Rescoldo. Los últimos cristeros”

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Antonio Estrada: “Rescoldo. Los últimos cristeros”. Encuentro. Madrid. 2010. 260 pgs.

Rescoldo é o ressurgimento do movimento cristero, no Estado de Durango (Mexico), em 1934 a 1936 quando foi definitivamente esmagado pelas tropas do governo. A revolução anterior, de 1927 a 1929, foi de maior envergadura e finalizou com um entendimento entre o governo mexicano e as autoridades religiosas. Porque o que está na base da revolução cristera é a questão religiosa, a livre expressão da fé que estava vetada pela lei. O presidente Plutarco Elias Calles decide cumprir a lei com a consequente repressão religiosa, e os cristeros –homens de fé, mas também acompanhados por indígenas pagãos que entendiam esta luta como sua- apresentam resistência.

O autor é filho de um coronel cristero, Florencio Estrada, que comandou ambas as revoluções, morrendo na última. A visão é do menino que acompanha o pai e a mãe nas peripécias de vaguear pelos morros, de lutar contras os federais, de aconchegar-se no calor da família. Mas a novela é de difícil leitura, mesmo para quem conhece espanhol; a quantidade de termos, palavras e expressões locais –de origem indígena- torna a leitura cansativa, e pouco fluida: é preciso dedicar tempo a consultar o significado dos verbetes (de outro modo não se entende), o que provoca continuas interrupções, perdendo-se interesse. Alguns críticos a consideram uma das melhores novelas mexicanas; é possível que seja assim. Mas, pelos motivos apontados, o público que poderia desfrutar dessa qualidade é mesmo muito restrito, tem que conhecer a linguagem utilizada.

Está para ser lançado um filme com Andy Garcia que aborda o tema (For Greater Glory: The True Story of Cristiada). Esse será, provavelmente, um veículo mais eficaz para documentar este importante episódio da história do México e dos heróis que defenderam a fé, a modo de mártires modernos.

O Estudante: Liderança de Ideais, o Exemplo que Educa.

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(El Estudiante). México, 2009. Diretor: Roberto Girault. Jorge Lavat, Norma Lazareno, Cristina Obregón, Pablo Cruz Guerrero, Siouzana Melikian. 95 min.

Catálogo IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1261393/

 

     Assisti a este filme encantador nas férias do último verão. Gostei demais. Mas fui enrolando para escrever, passando na frente outras pendências. Não foi preguiça nem falta de ideias; digamos que a oportunidade não se apresentava conveniente. Um filme menor, produção mexicana sem muitas pretensões, que me tinha sido recomendada por amigos estrangeiros. Entendi que não seria fácil encontra-lo no Brasil e, afinal, promover um filme que ninguém encontra é quase maldade. Fora de buscar-me trabalho extra porque, fatalmente, minha caixa de e-mails se veria inundada de mensagens perguntando onde se pode encontrar o filme. Além do que, tendo assistido a versão original sem subtítulos, o desafio da indicação acertada se torna maior.

     Assim estavam as coisas quando esta semana aconteceram dois fatos que catalisaram estes comentários. Já volto sobre os acontecimentos vitais, mas antes vamos dar uma revisada na lembrança entranhável que o filme me causou, além de multidão de reflexões. Em se tratando de uma fita sobre educação, não é de se estranhar. É juntar a fome com a vontade de comer.

     Chano, nosso simpático protagonista, tem 70 anos e acaba de se aposentar. Mas decide realizar seus sonhos e entra na universidade de Guanajato, para assistir um curso de língua espanhola baseado no Quixote. Os que andamos envolvidos com educação temos experiência –cada vez mais frequente- de alunos maduros que ingressam na Universidade, e sabemos do impacto que eles provocam. Não apenas nos colegas, jovens estudantes, mas também nos professores. Ao menos naqueles que estão atentos aos ensinamentos da vida que, estes alunos já rodados têm em profusão.

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Shirley du Boulay / Marianne Rankin: “Cicely Saunders”

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Shirley du Boulay/ Marianne Rankin: “Cicely Saunders”. Palabra. Madrid (2011). Pgs. 348.

     Eis uma biografia simples, objetiva e ao mesmo tempo intimista, da Dra. Cicely Saunders, a fundadora do movimento Hospice e dos Cuidados Paliativos. Nascida em Londres, em 1918, inicia seus estudos em Oxford, e se inscreve na Cruz Vermelha para ajudar nos serviços de enfermagem durante a Segunda Guerra Mundial.  Lá descobre a sua vocação de cuidar que norteia toda a sua vida.  Abandona a carreira de Ciências Políticas e filosofia e cursa enfermagem em ST. Thomas’ Hospital, instituição associada a grandes nomes, entre outros ao daquela que é o símbolo da enfermagem moderna, a também britânica Florence Nightingale.

Os frequentes problemas de saúde, com limitantes dores de coluna, restringem sua atuação como enfermeira e inicia sua dedicação como assistente social, sempre guiada pelo desejo de servir e ajudar os que sofrem. Mas repara que, somente com bons desejos e com afeto devotado, não consegue mudar as tristes condições dos pacientes terminais. Um conhecido, médico, lhe abre os horizontes: “Faça-se Médica. São os médicos os verdadeiros responsáveis do abandono que sofrem estes doentes terminais”. Cicely entende o recado, e parte para uma nova fase de estudos, com o sacrifício da trabalhadora incansável e persistente que sempre demostrou ser. Quando se forma médica tem quase quarenta anos.

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