Um Sonho Possível. Liderança 360° em Versão Feminina.

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The Blind Side. 2009 Diretor: John Lee Hancock. Sandra Bullock , Tim McGraw , Quinton Aaron, Jae Head, Lily Collins. 128 min

        Algumas semanas atrás um amigo deu-me o filme na mão: “Vás gostar. É desses filmes que você gosta de comentar, valores, tudo isso”. Vi o filme, gostei, mas ficou por isso mesmo. Confesso que não entrou na minha lista de pendências. Pouco depois, outro amigo perguntou-me se o tinha visto. Assenti, sem muito entusiasmo. Ele tinha assistido no cinema, junto com os filhos. “Impressionante a força dessa mulher que consegue envolver toda a família num projeto audacioso. E o curioso é que não impõe nada; tudo é muito natural porque contagia o marido e os filhos com o seu entusiasmo. Ela é encantadoramente determinada.” Foi uma pista importante; comecei a refletir. Finalmente, na semana passada, durante a viagem para um congresso internacional, um dos colegas que me acompanhava, assistiu no avião e me disse: “Bom filme esse do Oscar da Sandra Bullock. Tem pegada”. Foi o suficiente para rever minha lista de pendências e modificá-la. Assisti de novo, agora calibrando os detalhes. Os comentários dos amigos tinham dado a largada à reflexão que, nessa altura, já acumulava idéias. Muitas, uma atrás da outra.  Mas, perguntei-me, como é que isto passou batido?
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J.D. Salinger: “Franny & Zooey”. Editora do Autor. Rio de Janeiro. 1970

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Salinger é um autor “Cult”, o que significa que todos se sentem no direito de opinar e vasculhar o significado dos seus escritos. Depois da sua recente morte, o tônus “Cult” aumentou. Acerca deste livro já se escreveu muito. Há quem diga que é uma discussão de caráter religioso, outros uma busca de sentido, outros um ensaio psicológico que mais se assemelha a um teatro do que a um romance. De qualquer forma, não é o caso de recolher opiniões alheias, pois cada um pode facilmente encontrá-las postadas aqui e acolá na Internet. E todos têm direito –apelamos para o Cult- de emitir a sua. A minha não é uma opinião, mas sim uma sensação que tive enquanto lia o livro. Os modos variados do carinho que é possível ter numa família. Para a nossa sensibilidade latina, o aparente pouco respeito com que Zooey trata à mãe e a indiferença com relação à irmã Franny, mergulhada numa neurastenia existencial, são chocantes. Mas a mãe e a irmã não se assustam – como o leitor desavisado-, encaram com naturalidade as grosserias de Zooey, e tiram partido frutuoso dessa relação. Existe carinho, amor verdadeiro. Mesmo que as formas não ajudem. E a sensação me fez pensar que as formas doces –tantas vezes sem conteúdo- de nada servem, quando se trata de ajudar. Sim, é possível chorar com quem chora, e até oferecer um lenço; mas quem sofre tem o direito de esperar que também se lhe facilite saídas honrosas, uma luz no fundo do túnel, esperança sólida, sentido da vida. Uma passagem pelos velórios –que todos, antes ou depois acabamos freqüentando- confirma esta idéia. Sobram condolências e faltam esperança e sentido diante do sofrimento. Falta também criatividade na hora de ajudar. E fortaleza. Lembrei-me do amor de Chaplin por Teresa, em Luzes da Ribalta, que chega até a bofetada que facilita a entrada no palco da dançarina em estado de choque. São muitas sensações –dos velórios até Chaplin- mas é o que dá ler autores Cult. Em qualquer caso, um belo exercício mental de reflexão, sem espaço para a perda de tempo.

Ivan Turgueniev: “Pais e Filhos”. Abril. São Paulo, 1971

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Contemporâneo de Dostoievsky e de Tolstoi, Ivan Turguéniev é considerado um dos grandes romancistas russos. E o que me surpreende dos russos é sempre o mesmo. Os romances se iniciam com descrições do ambiente, do quadro de costumes imbuídos da moda afrancesada na Rússia Imperial. Tudo muito formal, muito superficial, onde as pessoas não têm nada que fazer –os nobres, se entende- e tudo se resume em festas, bailes e saraus. Pais e Filhos não é uma exceção. De um lado a frivolidade ao gosto francês, do outro o positivismo cientificista que parece renegar as formas, mas no fundo as cultua. Assim caminha o romance, até chegar ao terreno onde os russos têm verdadeira pegada: a psicologia dos sentimentos, que timidamente vão aparecendo nas páginas da obra, para se constituir no verdadeiro protagonista. Essa é a força da alma russa. Pais e Filhos, é considerada a obra mais importante do autor, acerca-se tangencialmente à questão do desequilíbrio entre as classes nobres e operárias –os mujiques trabalhadores- e desenha a figura do “niilista” (neologismo que parece ter sido inventado pelo autor) que encarna no protagonista. Um médico, criatura que se devota à ciência positiva, diz ser refratário aos convencionalismos e a todo tipo de sentimentos, mas no fundo é uma pessoa carente e infeliz. O recado russo chega, mais uma vez, no mesmo registro: abdicar dos sentimentos – abrir mão de amar e de deixar-se amar- amputa uma dimensão essencial do ser humano. Também por isso, é uma leitura que sempre aproveita.

Entre Irmãos: A família que nos cuida e nos cura.

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Brothers . Diretor: Jim Sheridan. Jake Gyllenhaal , Natalie Portman , Tobey Maguire ,  Sam Shepard. 105 min. 2009.

A família é um tema recorrente –na verdade, uma paixão- nos filmes de Jim Sheridan. Nota-se que mamou os valores familiares da Irlanda profunda, sua segunda paixão. De um modo ou outro, o diretor irlandês plasma seus amores entre os fotogramas dos filmes que dirige. Vale lembrar “O Meu Pé esquerdo”, um tributo magnífico à mãe irlandesa, um monumento de mulher. E, anos depois, “Em Nome do Pai”, o elogio rasgado de um pai que, por trás de uma aparente pusilanimidade, demonstra a honestidade e a fortaleza de um colosso. Sheridan fez um encantador ensaio do amor entre irmãos –ainda crianças- no pouco conhecido “Terra dos Sonhos” (In America). Agora chega “Entre irmãos”, outro mergulho familiar de categoria. Chega e vai embora, porque o tempo em cartaz foi mínimo. Enquanto escrevo estas linhas, acabo de falar com a Locadora onde alugo os filmes e me dizem que não chegou; e mais, que nunca ouviram falar dele. Parece que os filmes de Sheridan não tem cartaz, ou lhes falta marketing. Uma pena: com tanta bobagem como circula hoje em dia, seria uma opção consistente, um oasis no deserto das perdas de tempo e dos absurdos.

O argumento é simples, e não é o caso de detalhá-lo aqui. De um lado, o irmão exemplar, casado com uma mulher maravilhosa, pai de duas meninas encantadoras, militar responsável que defende seu país. Do outro, o irmão torto, beberrão e briguento, que vai sobrevivendo entre a cadeia e o desemprego, e embaraça a família de continuo. A vida da voltas, a virtude não é conquista perene –o vício, para esperança de todos, também não o é- e dessas mudanças e reviravoltas se aproveita Sheridan para dar o seu recado. Contundente, profundo, faz pensar. E fará com que muitos agradeçam, e outros se lamentem –por sentirem falta nas suas vidas- da força que nos chega da família. É da família de onde provém a seiva nutritiva, o alimento que nos sustenta.

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Carlos Drummond de Andrade: “Cadeira de Balanço”. Record. Rio de Janeiro, 1992. 256 pgs.

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     Ler Drummond é sempre sair com a sensação de que escrever é fácil, algo quase fisiológico. Não se poderia dizer o que ele diz, de modo mais simples e mais claro. Confesso que foi esse com esse propósito que retirei o livro que descansava há alguns anos na prateleira do meu escritório, à espera do momento oportuno. As semanas passadas ocupei-as em escrever a nova versão de um livro –que também estava esperando a oportunidade- e me lembrei de um conselho de um amigo escritor. Passávamos uns dias de feiras juntos e, sabendo que eu tinha uma obra de Drummond comigo, ma pediu emprestada por algumas horas. A minha cara de surpresa foi interpretada como uma interrogação, e ele respondeu de bate pronto: “Estou escrevendo alguma coisa, e preciso pegar vocabulário“. A lição ficou, e eu também me dispus a “pegar vocabulário” emprestado do Drummond. Não idéias, pois essas devem ser próprias; mas o modo de exprimi-las, de fazer-se claro.

     Cadeira de Balanço é um conjunto delicioso de crônicas do escritor mineiro, a maioria redigidas no Rio de Janeiro, sua segunda pátria. Motivos e temáticas variados, estilo singelo e claro, como uma conversa com o leitor, “aquelas conversas que são um recordar contínuo e calmo, passeio em terreno firme, conhecido, os dois sabendo cada folha de arbusto, o lugar da sombra a cada hora da tarde”.

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INVICTUS: Liderança e Cuidados, fazendo as pessoas melhores.

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Invictus.  Director: Clint Eastwood.  Morgan Freeman, Matt Damon, Tony Kgoroge, Patrick Mofokeng, Matt Stern. 133 min.

      Li em algum lugar que Clint Eastwood, depois de Gran Torino, disse que não faria mais filmes. Já estava tudo dito, e o testamento escrito magistralmente, porque Gran Torino é mais do que um filme: é a história de Clint, sua evolução como cineasta, como ator, como pessoa. Abre o seu coração, toca fundo no espectador. Pode ser que quando anunciou sua retirada, se referisse apenas a não atuar novamente. Ou pode ser que não falasse nada, simplesmente respondesse com silêncio às respostas dos jornalistas que, naturalmente sentem-se autorizados a interpretar o mutismo como melhor lhes parece. Seja como for, o fato é que uma história forte é para Eastwood uma tentação à qual não faz nenhuma questão de resistir. Agora, de repente, chega Invictus, como um belo apêndice de recados.

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Avatar y las estaciones del año

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Vi no hace mucho la película de Avatar. Me sorprendió la enorme belleza de la película, un exceso de maravillas que el cuerpo agradece, y sobre todo lo descansa y agranda la mirada.

      La defensa de la vida en el film, se me hizo en algunos momentos incomprensible, hasta que como siempre la propia vida ofrece una interpretación válida al menos para uno mismo y comprensible para otros aunque su experiencia vital sea diferente.

      La naturaleza del hombre y su vida están felizmente ligadas a la Vida y a la Naturaleza. Lo que destruye esta daña también aquella. Así en nuestro vivir a veces las estaciones del año que nos brinda la traslación de la tierra se manifiestan al modo humano impregnando todo cuanto hacemos.

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AVATAR: Estética em 3D, liderança e valores em 4D.

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    Com um globo de ouro na mão, esperando a festa do Oscar como grande favorito, e tendo batido recorde de público e de arrecadação, é possível acrescentar algo diferente ao muito já falado sobre Avatar? Essa deve ser a pergunte do leitor – se é que alguém se aventura a ler estas linhas a não ser por cortesia com um aprendiz de crítico- e a minha própria pergunta. Felizmente, o cinema acode em nossa ajuda enquanto evoco as palavras de Massimo Troisi, naquele filme encantador “O Carteiro e o Poeta”. Neruda recrimina o jovem carteiro de ter plagiado seus versos para compor uma poesia à mulher que ama. O carteiro se defende: “A poesia, Don Pablo, não é de quem a faz, mas de quem precisa dela”. Não é possível dizer de modo mais simples, algo tão profundo; e liquidar definitivamente o tema dos direitos autorais da arte, ou melhor, dos inúmeros significados que a arte encerra, e que cada um toma como mais lhe convém. As múltiples “exegeses” que têm sido elaboradas a propósito de Avatar são um exemplo da versatilidade da arte. Sinto-me, pois, no direito, de acrescentar mais uma à longa lista. Não será a melhor, nem a definitiva; será, apenas, aquela porção de poesia da qual eu preciso nestes momentos.
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David Gilmour: “O Clube do Filme”. Intrínseca. Rio de Janeiro, 2009. 234 pgs.

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21547890_41Um escritor, culto, conhecedor de cinema e com traços de anti-herói se defronta com o filho adolescente, que é um verdadeiro desastre no colégio. Surge a proposta: se não queres ir à escola, tudo bem; sempre que te mantenhas longe das drogas, e assistas três filmes por semana comigo. Um belo desafio, que não sabe onde vai dar.  Será que sou capaz de formar meu filho -pergunta-se o autor- prepará-lo para a vida? Eu mesmo, que estou desempregado formalmente –um bico aqui, outro lá-, com roteiros de documentários, programas de TV decadentes, escrevendo o que ninguém lê? Será que sou capaz? Assim começa o clube do filme, que da origem ao livro.
    O livro é o diário do clube do filme, onde as sessões de cinema no mano-a-mano se mesclam com diálogos, reflexões, tentativas de tirar o jovem do fundo do poço: nos estudos, nas decepções amorosas, na perspectiva do mundo e da vida que tem por diante. Os filmes detonam reflexão, se não de imediato, sim em forma de bomba relógio. Tem pegada. Todos eles. Talvez mais do que os filmes, é a paixão do pai pelo cinema –afinal, ele coloca os filmes dele, os que lhe tocaram, aqueles que guarda na memória e no coração- e os bastidores de cada filme, dos diretores e atores, que conhece como todo cinéfilo, e faz questão de contar a modo de aperitivo para o filho. “Eu volto aos filmes antigos não apenas para revê-los, mas também com a esperança de reviver as sensações de quando os vi pela primeira vez (Isso não se aplica apenas aos filmes, mas a tudo na vida)”.    
     Um livro peculiar que mostra, mais uma vez, que é possível utilizar o cinema para educar as pessoas. Não de um modo formal, em conteúdos, mas certamente abre caminho para abordar as atitudes, que são a base de qualquer educação. As questões que o cinema levanta – um modo plástico de entender a vida- teriam ficado ocultas a não ser por este curioso e arriscado modo de ensinar. O leitor poderá ter diferenças –talvez muitas- com os critérios educacionais do autor, discordará dos valores que se ventilam. Mas, vai aqui o meu conselho: faça uma abstração da normativa moral e fique com o método. E aplique-o: se surpreenderá vendo a quantidade de assuntos que surgem no vácuo de um filme, de uma cena. É o que os educadores denominam curriculum oculto: algo ao qual não prestamos atenção, porque não sabemos como lidar com ele. Está na hora de começar.

El piano

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Por Mariluz González Blasco

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Mandé, por fin, afinar el piano. Al ritmo de sus sonidos iban renaciendo recuerdos de la infancia y recuerdos de las personas que lo tocaban.

Cuando el maestro terminó su trabajo quedó asombrado. “Este piano ha respondido de maravilla. Sólo en otra ocasión encontré un instrumento como este que después de 25 años sin afinarse me respondió tan magníficamente.” Al principio cuando el afinador pulsó las teclas, diagnosticó una “enfermedad grave”. “No sé si el piano aguantará la afinación, está muy mal”.

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