TUCKER: O HOMEM E SEU SONHO
TUCKER: O HOMEM E SEU SONHO (Tucker) Diretor: Francis F. Coppola. Jeff Bridges, Joan Allen, Martin Landau, Frederic Forrest. U.S.A. l988. ll0 min.
Vivemos uma época de inconstâncias, refratária a ideais que arrastem o homem para cima, levantando-o da mediocridade. É o acomodamento, o culto ao fácil, ao prazenteiro. Falta forma física no idealismo raquítico, e o homem se apresenta com uma vontade obesa, sem agilidade para aceitar novos desafios. As ideias atraem, mas falta fôlego. Enamoramo-nos delas, das grandes ideias, sensualmente -no dizer de Unamuno- sendo incapazes de casar com elas e formar família. Usamos as ideias como amantes, como companheiras de uma noite.
Talvez por tudo isto, Tucker é um filme a destacar. Uma avalanche de otimismo e liderança, a apologia do homem idealista. Essa decadência vital que padecemos não procede de doenças no corpo ou na alma -comenta Ortega- mas sim de uma péssima higiene de ideais. Por isso -palavras do filósofo- o homem seleto não é aquele que simplesmente acredita ser melhor do que os demais, mas o que se exige mais, mesmo que não consiga cumprir as exigências superiores. É esta a divisão mais radical que podemos fazer na humanidade: a das pessoas que se exigem muito e acumulam sobre si dificuldades e deveres, e aquelas que nada se exigem, sendo para elas o viver em cada instante ser o que já são, sem esforço de perfeição sobre si mesmas, boiando sem rumo pela vida…
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