E.D. Hirsch. La escuela que necesitamos.

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E.D. Hirsch. La escuela que necesitamos. Ediciones Encuentro. Madrid (2012). 446 págs.
Título Original: The Schools We Need. Traducción: Gema García de Celis. |

Chega o momento de resumir rapidamente, o terceiro livro que, repousando na minha estante há alguns anos, tive que desentocar por conta do curso para formação de professores que dei há alguns meses. Completo assim a trajetória de leituras sobre educação, somando a este, os

dois  anteriormente comentados neste espaço.

O autor apresenta uma crítica estruturada e com fundamento sobre a educação escolar em USA. “Não podemos assumir que os jovens de hoje em dia conheçam as coisas que no passado eram conhecidas por todas as pessoas com certo nível de educação na sua cultura”. E continua: “Pretender ensinar competências gerais em detrimento de conteúdo específico nos quais aquelas se apoiam é um procedimento pedagógico ineficaz. Quando não dedicamos tempo e atenção suficiente para aprender as coisas, provavelmente não sejamos capaz de fixar esse conhecimento a longo prazo. Diz-se que o aprendizagem é um prazer, mas é mais o prazer de quem sobe uma montanha e supera as dificuldades, do que quem está sentado tranquilamente no cume contemplando”.

Diante das tendências modernas -deixar a espontaneidade do aluno reger o processo do aprendizado- Hirsch, cria a Core Knowledge Foundation, como alternativa ao progressismo educacional que, no entender dele, não funciona. Invoca a conhecida frase de John M Keynes: “São as ideias , não os interesses pessoais, os que são perigosos para o bem e para o mal”. E, como não poderia deixar de ser, apresenta uma oposição franca à pedagogia criativa de Paulo Freire, comparando-o com outro educador de esquerda, Gramsci, livre de qualquer suspeita: “Se não damos conhecimento perpetuamos a divisão de classes. Não oprimir com toneladas de conhecimento, deixar a espontaneidade do aluno fluir,  não estreita esta divisão” -vem dizer Gramsci.

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Bram Stoker: “Drácula”.

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Bram Stoker: “Drácula”. Amazon. Edição Exclusiva. Antofágica. 2013. 570 págs.

Drácula chega a nossa Tertúlia Literária, e eu volto sobre este livro…..após 50 anos. Lembro de ter mergulhado nas suas páginas, ainda adolescente, enquanto esperava o ônibus do colégio de manhã, no frio outono madrilenho. E lembro dos diários de Lucy, que me impactaram: a narrativa de quem, sem saber, estava sendo dessangrada todas as noites pelo conde da Transilvânia.

Hoje, meio século depois, minha aproximação de Drácula é, naturalmente, um pouco diferente. E junto com os diários de Lucy que permaneceram na minha memória, encontro notícias de jornal, telegramas, outros diários. Enfim, uma enorme variedade de “documentos escritos” que compõem esta sinfonia gótica. O adjetivo, gótico, é também atual: ninguém falava estes termos na década dos 70 do passado século.

De modo preciso se descreve na edição que reli, a composição deste livro peculiar que inaugurou a lenda do Conde Drácula. Anoto textualmente: “Narrado por meio de telegramas, diários, notícias de jornais, registros náuticos e outros tipos de documentos, a diversidade de vozes presentes nesse romance epistolar confere verossimilhança ao que é contado, ao mesmo tempo em que deixa os leitores incertos sobre o que realmente ocorreu. Na ausência de um narrador onisciente, e como o personagem que dá nome ao romance nunca se pronuncia, os relatos e descrições fragmentadas se tornam um enigma a ser decifrado pelos leitores”

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IRENE VALLEJO

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“INTENTO GENERARINTERÉS POR LO ETERNO”

Irene Vallejo (Zaragoza, 1979) es el rostro lúcido, la mirada clara, las manos unidas, las líneas ontundentes, los libros en vena y el perfume atractivo de humanismo que destilan El infinito en un junco (Siruela), y sus columnas sin volutas de El País, y sus intervenciones en el debate público, y sus tuits con savia de
honesto terciopelo.

Isabel- Série de TV.

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Isabel – Série de TV. 39 episódios, (2011-2014)

Eis uma pendência que se arrasta por mais de um ano, quando tive a oportunidade de assistir esta magnífica série. Mas a espera compensou, porque, como relato em outro lugar, após ver a série, caiu no meu colo um livro magnífico, um estudo biográfico profundo sobre a vida da Rainha da Espanha. Li o livro, encantei-me, e isso validou a série que, em outro caso, poderia ter ficado como uma elegante ficção dessa importante época histórica da península Ibérica que, por ser no século XVI, foi de fato, relevante para toda a humanidade.

Podem parecer inúmeros os detalhes e desdobramentos que a série relata, mas quando se lê o livro, reparamos que a realidade vai além da série televisiva. A vida dessa mulher singular,  que viveu 53 anos e reinou 30,  são de uma densidade tal que não há possibilidade de retratar com precisão todos os detalhes e as análises que se decorrem. Do nascimento em Madrigal das Altas Torres (província de Avila) em 1451 até a sua morte em Medina del Campo (província de Valladolid) em 1504,  contemplamos a reconquista espanhola, a unidade da coroa, a descoberta de América, as bases para o futuro Império -que Carlos, neto de Isabel comandaria- onde o sol nunca se ocultava. Enfim, uma biografia abençoada em fatos e, especialmente, em atitudes.

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Jane Austen: “Mansfield Park”

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Jane Austen: “Mansfield Park” Ed. Landmark. São Paulo, 2015 (bilingue) 482 pg.  (em português)

A introdução desta edição do romance de Jane Austen escalado para a Tertúlia Literária mensal, é importante para situar o contexto. Copio textualmente um par de parágrafos: “JANE AUSTEN (1775-1817), escritora inglesa proeminente, considerada geralmente como a segunda figura mais importante da literatura inglesa depois de Shakespeare. Ela representa o exemplo de escritora cuja vida protegida e recatada em nada reduziu a estatura e o dramatismo da sua ficção.  Uma das qualidades mais prezadas nos romances austenianos: princípios. Sem bons princípios para temperar a paixão, os resultados podem ser desastrosos, e de fato, Mansfield Park está repleto de adultério, traição e ruptura de amizades. Mas é também uma comédia dramática, com um final feliz e uma suave sátira aos costumes e maneiras da sociedade inglesa do início do século XIX, marcas intrínsecas de Jane Austen em seus romances (…) Então, por que Austen dedica um livro inteiro a uma personagem que, em muitas ocasiões, se comporta apenas como uma mera coadjuvante dentro de sua própria história?”

“Mansfield Park deve ser lido sem preconceitos ou suposições, que na verdade é um dos temas principais do livro. Quase todos em Mansfield passam ao longo de toda a trama fazendo suposições erradas sobre outras pessoas. De várias maneiras, Mansfield Park, a história tão complexamente criada por Jane Austen, torna-se a nossa própria história, quer gostemos ou não, soando um pouco como a própria vida de todos nós”

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Gregorio Luri: “Mejor Educados”. El arte de educar con sentido común

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Gregorio Luri: “Mejor Educados”. El arte de educar con sentido común. Ariel. Barcelona. 2014. 232 págs..

Eis outro dos livros que estava há tempo na minha estante, e saiu dela por conta de um curso de formação de professores que tive que dar recentemente. Na realidade, é mais um manual ou guia, do que um livro discursivo. Pareceu-me que desmonta muitos tópicos (que ele considera equívocos educacionais), vai direto ao ponto, mas falta-lhe construção e sedução para ir montando essa pedagogia que propõe. Um manual, com dicas práticas, mais do que um tratado elaborado.  Mas nem por isso deixa de dar recados úteis. Elenco os que mais me chamaram a atenção.

O primeiro é uma afirmação clássica, que desconstrói complexos: o de aqueles que vivem presos numa miragem e pensam que o moderno tem mais valor por ser moderno do que por ser bom. A seguir, uma advertência: quando se programam os filhos é preciso assumir as consequências e liberar-se do temor de que uma decisão equivocada condicione fatalmente o desenvolvimento da criança e da sua vida futura. Fala das condições para encarar a paternidade com sucesso: tranquilidade, sensatez e o amor familiar. Ninguém está em melhores condições de educar um filho do que os próprios pais, que devem gerenciar com amor mais do que com recursos técnicos.

E aqui entra o tema da disciplina: “Disciplinar é incorporar algum ensinamento valioso à nossa conduta para poder nos sentir parte de uma comunidade, onde há algo valioso para compartilhar e normas para respeitar. Caráter -objetivo principal da educação- é capacidade de saber estar, de posicionar-se. O castigo mais efetivo é sentir vergonha de ter decepcionado àqueles que te amam”. Educar no caráter e não na fachada: “Reputação é o que os outros pensam de nós, o caráter é o que manifestamos quando ninguém nos está olhando”.

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A Pura Verdade: Estética e cultura, recursos que o nosso tempo necessita

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Diretor: Kenneth Branagh. Kenneth Branagh. Judi Dench. Ian McKellen. All Is True. 2018. 1 h 41 min.

Eis um filme diferente. Ou melhor dizendo, um filme superior, onde o diferente é o comentário com o qual me aproximo dele. Explico.

Os filmes comentados neste espaço são o resultado de uma interação pessoal com a produção cinematográfica, o que eu costumo chamar de uma conversa com o filme. As atitudes, as virtudes, e todo o universo plasmado no cenário, provocam a reflexão que se verte em palavras, nem sempre claras, porque a mente -e o coração- trabalham com maior rapidez do que a lógica da escrita é capaz de acompanhar. Muitas vezes sublinhei que educar com o cinema não é usar dele como fábulas de Esopo o de La Fontaine, onde a pretensão é indicar um modo de conduta, o caminho para adquirir uma atitude virtuosa, ou eliminar um vício. Isso também acontece, mas o primordial é disparar a reflexão. E nessa reflexão é que se gesta o nascimento de uma atitude louvável, de uma postura exemplar.

Recentemente, durante a leitura de um livro de Jane Austen por conta das nossas tertúlias literárias mensais, revi o comentário que fiz anos atrás de uma excelente biografia da escritora, considerara uma das maiores expoentes em língua inglesa depois de Shakespeare. Um parágrafo dessa obra adverte: “Os romances de Austen são romances de cortejo centrados em heroínas, e não manuais de conduta disfarçados de romances”. Algo análogo se me assemelha no cinema: histórias onde as personagens apresentam grandezas e misérias, que nos levam a refletir. Nunca um manual de boas maneiras (ou das más, para evitá-las).

Voltando ao nosso filme, do qual me aproximo desta vez, não em atitude de diálogo, nem mesmo de reflexão. Olho para ele com simples respeito, essa atitude que Ortega definia como a distância afetiva que nos permite ver o conjunto -e a grandeza- das coisas. O respeito –reverence, diz a tradução para o inglês- que Von Hildebrand indica como a primeira das virtudes na sua Art of Living, para reconhecer o Outro! Respeito pela arte, em si, pelo gosto estético que desperta, pelo prazer de, simplesmente assistir. O gatilho que me aproximou da fita foi o comentário de um amigo que apenas sugeriu: veja e me dizes. Nada a mais, nem a menos. Sem recados implícitos, sem subtítulos e aprendizados. Veja, sem mais. Essa é a minha recomendação aos que se aventurem a ler estas linhas. Veja e desfrute.

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Meg Meeker: 100% chicos. 7 claves para que crezcan sanos y felices

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Meg Meeker: 100% chicos. 7 claves para que crezcan sanos y felices Ciudadela. Madrid (2011). 244 págs. (Boys Should Be Boys: 7 Secrets to Raising Healthy Sons).

Este livro estava na minha estante há tempo. Agora, empurrado por um compromisso ineludível -um curso de formação de professores- decidi que era o momento de ler. Já tinha notícia e admiração pela autora, colega médica, com base num livro anterior do qual gostei, e recomendei: Padres fuertes, hijas felices. Li em espanhol,  mas chegou-me a notícia de que houve uma tradução recente (não sei se daquele livro, ou de outro, embora o tema é o mesmo. O livro que aqui comento, é também em espanhol, e agora a vez é dos meninos. 

Trata-se, mais uma vez, de uma obra de assessoramento prático baseado na experiência clínica da autora como pediatra, e também como mãe. Não liga para o politicamente correto, porque na hora da verdade, isso não funciona. As tais 7 chaves de que fala,  mais do que um protocolo ou checklist é um índice dos capítulos que vai desenvolver. Resumir as ideias, a modo de passos para o sucesso, é um perigo: o leitor deve ler com calma, porque nos exemplos e comentários tropeçará com situações que se encaixam no seu quotidiano. Isso é o que de verdade ajuda neste livro: usá-lo como um possível espelho, mais do que como um guia de conselhos a seguir. Isto esclarecido, passamos a resumir algumas das sugestões, apenas como um trailer do que o leitor poderá visualizar na hora de ler o livro. 

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Stefan Zweig: Fernão de Magalhães      

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Stefan Zweig: Fernão de Magalhães ASSIRIO & ALVIM. Portugal,  2017. 320 págs.

Sem Limites


6 episódios, de 40 minutos. 2022 .Criação: Miguel Menéndez de Zubillaga Rodrigo Santoro, Álvaro Morte

Chegou-me a notícia do lançamento de uma nova série, Sem Limites, e faltou-me tempo para assisti-la de bate pronto. A grande façanha de Fernão de Magalhães: a primeira navegação em volta do planeta, no século XVI (1519-1522). O navegador português acabou trocando o nome para a versão espanhola -Fernando de Magallanes- por que o rei de Portugal negou-lhe apoio, e acabou obtendo financiamento e a bandeira da expedição da coroa espanhola, do Imperador Carlos I.

A série -no fundo, era isso o que queria comprovar – apresenta um Magalhães perfeitamente encarnado por Rodrigo Santoro, enquanto Alvaro Morte -o professor de La Casa de Papel–  da vida ao espanhol  Juan Sebastián Elcano, que completou a volta ao mundo, após a morte de almirante  numa ilha do Pacífico.

A série me trouxe à memória a biografia de Magalhães, escrita por Stefan Zweig, que eu tinha lido há mais de três décadas. E, como as cenas estão muito bem construídas, a evocação constante do livro, me fez lê-lo de novo. Tive que apelar para a versão em espanhol, porque, curiosamente, o que eu li em português, está em falta no mercado. O exemplar  que eu li, deve estar perdido em algum lugar, como a maioria dos homens que integraram esta aventura singular.

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William Melvin Kelley: Um Tambor Diferente.

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William Melvin Kelley: Um Tambor Diferente. Ed. Todavia. São Paulo, 2022, 256 págs.


Eis um livro desconcertante e sedutor. Tinham chegado referências comparando-o ao clássico de Harper Lee, O Sol é para Todos, também centrado no eterno tema do racismo americano. Escalamos o livro para a Tertúlia Literária mensal, e aguardamos os acontecimentos que foram, muitos e variados.

Inicialmente opiniões diversas manifestaram não ter entendido bem a mensagem do livro. Esperava-se, talvez, um romance, e nos encontramos com um manifesto, um statement, diriam os americanos. E a tônica do manifesto, assim como o título do livro, está representado na frase de H.D Thoreau, a modo de epígrafe inicial: “Se um homem não desfila ao mesmo passo que os seus companheiros, é talvez porque escuta o ritmo de um tambor diferente. E vá ao compasso dessa música que ouve, mesmo de longe, seja qual for seu ritmo”.

O final do livro, o impacto, está contado no começo. O resto é um flashback revisitando as personagens, numa tentativa de entender o proceder do protagonista, Tucker Caliban, um homem focado, que sabe o que quer, mesmo que os outros -incluído o leitor- não alcancem a perceber os motivos que o levam a agir desse modo.

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