Mercedes Salisachs. “El Cuadro”.

Pablo González Blasco Livros Leave a Comment

LIbroslibres. 94 págs. Madrid. 2011.

Lo que son las coincidencias. Si es que de coincidencia se trata. Acababa de publicar mi comentario sobre la última película de Clint Eastwood Hereafter, cuando cae en mis manos el último libro de Mercedes Salisachs, que lleva fecha de febrero de 2011. Apenas había confesado mi admiración creciente por Clint, cuando me veo obligado a hacer lo mismo con  esta escritora que continúa sorprendiéndome ¡con sus 94 años! Y si Clint filma un ensayo de transcendencia, Salisachs lo esculpe con su prosa magnífica, en esta miniatura de libro -94 páginas, como sus años- que tiene de encantador lo que tiene de corto.  Y puestos a establecer puentes entre los geniales artistas longevos, Clint rescata a Marie de un Tsunami para hacerla protagonista de su ensayo, y Mercedes salva a Elena de un  huracán que destroza su vida, en la que nada sobra a no ser un cuadro, el del título.Leia mais

Willa Cather: “Minha Ántonia”

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Willa Cather: “Minha Ántonia”. Codex. São Paulo. 2003. 327 pgs.

     Este livro estava na minha lista de pendências há algum tempo. Mas outros sempre passavam à frente. Finalmente, a recomendação de um amigo combinado com alguma viagem, foi o empurrão para colocá-lo na pole position.  Não me lembro da viagem, nem do motivo; ultimamente tenho tirado o atraso das leituras como paliativo de esperas em aeroportos e de check-in pouco afortunados, que te colocam em espaços apertados, nada anatómicos, frequentemente atrás de alguém que utiliza ao máximo as possibilidades reclináveis da sua poltrona. Ao invés de reclamar, melhor partir para a ignorância; quer dizer, para a literatura que anestesia o corpo, desperta a mente, e proporciona outra viagem –muito mais confortável- ao sabor da imaginação.

Devo confessar que a maioria dos escritores americanos da primeira metade do século XX, não são santos da minha devoção. Sem tirar nada ao mérito dos quadros de costumes, amor pela terra, agruras da grande depressão que se imprime nas personagens, e a clareza com que descrevem as paixões – misérias e grandezas do ser humano. Penso que a minha pouca afeição muito tem a ver com as traduções que nos chegam; por melhores que sejam, sempre desbotam o original. As poucas vezes que me aventurei a ler em português os clássicos espanhóis do século XVI –Cervantes, Calderón, Lope de Vega- reparei que a tradução da o recado, mas lhe falta a música que, na infância, aprendi a contemplar.  Valha esta explicação para advertir que, mesmo gostando, My Ántonia, não me entusiasmou. Mas sendo considerado como um dos grandes romances americanos do século XX merece um comentário.

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Kenzaburo Oe: “Uma questão pessoal”

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Kenzaburo Oe: “Uma questão pessoal”. Companhia das Letras. São Paulo. 2003. 222 pgs.

     Conhecer a história pessoal do Kenzaburo Oe, – consagrado escritor japonês e Premio Nobel de Literatura (1994) -, e do Hikari, seu filho deficiente que, uma vez e outra, faz ato de presença nas suas obras, foi o maior incentivo para ler este romance. Incentivo e quase piloto automático, pois em várias ocasiões estive a ponto de fechar o livro irritado. As descrições são perfeitas, e não apenas no exterior, mas atingem a intimidade das personagens e mostram com detalhe suas misérias e podridões de forma mais do que molesta. Foi uma surpresa, pois não sintoniza com o sentido de pudor elegante que os ocidentais atribuímos aos orientais. Mas parece que Oe já andou escrevendo muito a respeito desses meandros depravados, onde sexo, bebida e desgraças nos fazem chafurdar na devassidão humana.

     Bird, o protagonista, é apresentado ao seu filho primogênito na maternidade. Uma criança com hérnia cerebral, disforme, um monstro. À desolação da notícia, segue-se a fuga da realidade, em profundo mergulho nas baixezas humanas, inundadas de uísque e sexo desregrado. A tristeza e a rejeição cristalizam no desejo de eliminar aquele ser que será uma carga permanente, um entrave para uma vida que, de per si, já é vazia. A necessidade de lhe dar um nome, para efeitos de registro no hospital onde se espera que morra logo, é um verdadeiro dilema: “Um nome, pensou Bird. Estava confuso, como quando refletira sobre o assunto no hospital onde a mulher se encontrava internada. Dar um nome humano ao monstro faz com que ele se transforme em gente e passe a reivindicar direitos. A morte dessa criança enquanto anônima é uma coisa e com um nome é outra; sua existência torna-se mais real”.

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Oscar Wilde: “O Retrato de Dorian Gray”

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Oscar Wilde: “O Retrato de Dorian Gray”. Clássicos Abril. São Paulo. 1981. 283 pgs.

     Os fóruns de humanismo em que ando envolvido têm sido extremamente úteis. Não posso afirmar isso por conta dos outros assistentes – cabe a cada um apreciar o valor agregado, como se diz hoje-, mas é justo fazê-lo em relação a mim mesmo. Embora na condição de coordenador, na ausência de esta oportunidade, dificilmente teria voltado sobre livros já conhecidos, ou refletido cuidadosamente ao compasso de leitura e, certamente, não teria escrito sobre eles. Escrever torna claro para nós mesmos aquilo que aprendemos; é como liquido que revela, pacientemente, os contornos das ideias que a leitura deixa no fundo da alma. Revela e fixa, esculpe-as de algum modo, permite a sua digestão, e passam a fazer parte de nós mesmos.

     Está ai o grande ensinamento destes eventos humanistas: escrever sobre o que lemos, dar vida às nossas reflexões como catalisador de aprendizado. Quem sabe este é o motivo das grandes lacunas culturais que contemplamos hoje: há possibilidades nunca antes sonhadas de possuir, on-line, verdadeiras bibliotecas de clássicos; as pessoas passam o dia lendo – e-mails, mensagens, links, comentários nas redes sociais, até livros no tablet– mas dificilmente param para refletir, e nunca o fazem para escrever. Resultado: água escorrendo sobre as rochas, pouco sobra, ignorância fantasiada de informação que de nada aproveita. Lembra aquela queixa clássica: onde está o conhecimento que perdemos na informação? Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento? Provavelmente no jejum de reflexão, na ausência da escrever. Muita da sabedoria das avós certamente arrancava de aqueles diários feitos com caligrafia encantadora, perfumes e lágrimas.

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Alfred Sonnenfeld: “Liderazgo Ético”

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Alfred Sonnenfeld: “Liderazgo Ético”. Encuentro. Madrid. 2011. 233 pgs.

     Livros sobre liderança são quase epidemia nas prateleiras. A qualidade do conteúdo já requer um exame mais minucioso. Se à liderança, se junta a ética –aquela variante global da qual todos falam, e poucos vivem- o resultado é, no mínimo, convidativo. Apesar de todo o marketing que o título encerra, não é este livro um produto de consumo. É mais: pode ser um verdadeiro problema, pois a proposta é mergulhar na intimidade do líder, ou melhor, daquele que, mesmo apesar dele, sente-se chamado a liderar, a conduzir outros, porque a vida o colocou nessas circunstâncias. Não contém normas, nem dicas, nem guidelines, nem check-list para tornar efetivos os desejos de liderança. É, se cabe, um roteiro de exame de consciência para quem se encontra nessas circunstâncias.

     Conhecimento próprio, descoberta da missão, curriculum baseado em virtudes, tornar-se bom para poder fazer o bem, são elementos da análise fatorial que o autor proporciona sobre o corpo da ética e da liderança. “Tudo começa por conhecer-se bem, algo essencial. Quem não leva surpresas quando ouve a própria voz gravada ou contempla uma fotografia tirada inadvertidamente, onde aparecemos de lado, ou de costas? Se neste nível físico surge a surpresa, quanto mais em níveis mais profundos da personalidade”.

     Conhecer-se, saber o que queremos e o que, de fato, fazemos. “Um dos mistérios mais desconcertantes da psicologia humana é que o fato de ter um ideal de vida excelente não é suficiente para vivê-lo, para colocá-lo em prática. Quantas empresas proclamam seus valores e missão e depois aquilo não acontece. Não basta com proporem-se altos ideais, mesmo com grande convicção: é preciso chegar aos fatos.” Lendo isto lembrei as desistências nos regimes de emagrecimento: “Eu já tentei mil vezes, mas não consigo”. Na verdade, a pessoa decidiu mil vezes tentar emagrecer, mas a decisão nunca chegou a atingir a contagem de calorias nas refeições imediatas. No fundo, a desistência foi da decisão, e não da estratégia, porque esta nunca chegou a ocorrer.

     A liderança ética não é processo apenas racional, mas implica liderança afetiva. “Precisamos dos sentimentos para captar emotivamente a beleza, o sublime. A pretensão de ser estritamente realistas, e afogar os sentimentos como se fossem evasões subjetivas de caráter hedonista supõe um ataque frontal ao mundo dos valores”. Para guiar pessoas é preciso chegar ao coração – são os corações as verdadeiras cabeças de ponte entre duas pessoas, dizia V. Frankl- e não apenas à cabeça, nem ao bolso, aos resultados financeiros.  “Se queres construir um barco não comeces buscando madeira, cortando tábuas, distribuindo o trabalho. Evoca primeiro nos homens e mulheres o desejo do mar livre e infinito”. Esta cita de Saint Exupéry é uma das muitas referências clássicas com que o autor ilustra suas teses.

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O bom, o mau e o feio – ética e estética

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Este artigo foi publicado no Estadão em 03 de outubro de 2012, e é reproduzido aqui com a devida autorização do autor.

Nicolau da Rocha Cavalcanti

Quando Abraham Lincoln era presidente dos Estados Unidos, apresentaram-lhe um possível nome para compor o seu Gabinete. Recusou a proposta dizendo: “Eu não gosto da cara dele”.

“Mas, sr. presidente, qual é a culpa do coitado por ter aquela cara?”

“Todo homem acima dos 40 anos é responsável pela cara que tem.”

As propagandas eleitorais gratuitas sempre me fazem recordar esse episódio, que, se não é real, é bene trovato. É possível ver a ética pela estética? Não me refiro à estética da proporcionalidade do rosto, do bronzeado, do implante de cabelo, do silicone, da taxa de gordura; numa palavra, à estética da forma física. A questão é outra: as escolhas feitas ao longo da vida, as nossas decisões, transparecem no nosso rosto? Será que a história do Pinóquio tem um fundo de verdade? As minhas mentiras deixam marcas na minha cara?
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José Morales. “Newman (1801-1890)”

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José Morales. “Newman (1801-1890)”. Rialp. Madrid. 2010. 470 pgs.

     Agora sim encontro e desfruto com uma biografia formidável do Cardeal Newman. Há um par de anos, aventurei-me com o que pensei ser uma biografia, e resultou um mergulho enciclopédico na consciência deste fascinante personagem. A informação era muita, mas se perdia o fio cronológico. Agora, após ler este livro, seria o momento adequado para voltar sobre o anterior.

     O próprio Newman apontava que uma biografia deveria refletir adequadamente a unidade moral, identidade, crescimento harmônico e personalidade inteira do biografado. Devia conter e conjugar luzes e sombras, com a finalidade de evitar tanto a degradação como o elogio inútil. E, sobre tudo, incluir as cartas e os escritos como ingredientes essenciais. Tudo isto se consegue nesta biografia, muito bem trabalhada, pois a inclusão de citações textuais de Newman –em cartas e obras- ilustra a trajetória biográfica da personagem. No final, fecha-se o livro com o convencimento real de que chegamos a conhecer, com razoável profundidade, a personalidade do Cardeal Inglês.

     Um dos grandes ensinamentos em relação a esta vida singular é que a conversão não foi um fato isolado, a mudança de Igreja anglicana para a católica, quando contava com 45 anos de idade. Foi todo um processo de aprofundamento sério na busca da verdade e da perfeição pessoal, da união com Deus. Ainda adolescente, John Henry Newman, era critico e reflexivo, encontrava débil o cumprimento dos seus deveres para com Deus. E com 15 anos toma a decisão de comportar-se como um verdadeiro cristão, como um cristão sério. Adivinhava-se já um dos traços marcantes da sua personalidade: um homem que não sabe fazer nada pela metade.

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James Joyce: “Dublinenses”

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James Joyce: “Dublinenses”. Biblioteca Folha. São Paulo. 2003. 222 pgs.

     Foi numa viagem a Dublin, por conta de um congresso de educação. O livro estava na biblioteca, mas não me tinha decidido a lê-lo.  Encontrei-me com James Joyce, imóvel e pensativo, a poucos metros da O’Connell Street, no coração da cidade. Registrei o momento e fiz o propósito de ler Dublinenses na volta.

     Toda uma experiência: a viagem, principalmente, pois o livro não fez se não ecoar lembranças. Uma experiência vital repleta de descobertas: o mundo está cheio de Irlandeses famosos que a gente não sabe que são irlandeses. Por exemplo, o Duque de Wellington, que derrotou Napoleão em Waterloo. De escritores, nem se fale: além dos conhecidos por conquistar o prêmio Nobel – Yeats, Bernard Shaw, Samuel Beckett- e do amigo Joyce, lá estão Oscar Wilde com suas toneladas de ironia e Jonathan Swift com suas “Viagens de Gulliver”. Descobri que Swift foi Dean da Catedral de St. Patrick quando desistiu de escrever, e ali permaneceu por mais de 20 anos.

     Nem tudo é literatura na Irlanda. Há também vários prêmios Nobel da paz, e cerveja, muita cerveja, e igrejas. “Esta cidade –comentou-me um guia- tem mais de 500 Igrejas e mais de 1000 bares: temos as prioridades muito claras”. O povo reza e bebe, muito. Um dos promotores das “prioridades” foi Artur Guinness, um jovem empreendedor de 34 anos que em 1759 arrendou um terreno com uma fábrica de cerveja decadente por 9 mil anos!!! Tal era a confiança que tinha no seu futuro negócio, e ai está o império Guinness, com a cerveja preta mais famosa do mundo. O livro dos recordes –outro aprendizado- foi um efeito colateral: em 1959 um diretor de marketing foi caçar, disparou, mas a ave em questão era mais rápida do que ele pensava. Não desanimou, começou a tomar nota dos animais velozes, e de outros fenômenos: assim nasceu o livro Guinness de recordes.

     Nenhum desses personagens está presente em Dublinenses. As histórias –os contos, para ser exato- são outros. O cenário é a “querida e suja Dublin” de James Joyce, com figuras muito bem perfiladas que vivem sua vida quotidiana, com pequenas ou grandes tragédias, com sonhos e decepções, irlandeses até a medula. A leitura me transportava às ruas que semanas antes percorri com imenso gosto. Enfim, uma leitura sugestiva que, atrelada a uma viagem a Dublin, complementa uma bela experiência de vida.

A literatura como ferramenta de formação, de criação de uma cultura humanista.

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I – Alguns breves apontamentos.

O aprendizado do homem não advém única e exclusivamente da ciência, embora esta tenha o seu peso e a sua importância.

Sem dúvida alguma que o conhecimento organizado, sistematizado, e didaticamente exposto, permite uma maximização do saber.

No entanto, não podemos deixar de considerar que as artes, de uma forma geral, e a literatura, em particular, constituem ferramentas que nos permitem assumir concreta e pessoalmente valores que a ciência nem sempre consegue eficientemente transmitir e muito menos infundir. Ela possibilita uma personalização ou encarnação do que é ensinado.

Qual a importância do humanismo?

A educação convencional não tem conseguido fixar valores nas pessoas. Mesmo aquelas das quais esperamos uma atitude ética nem sempre correspondem. Há uma aprendizagem técnica, sabe-se o que é, mas não se incorporam, não se encarnam como próprios tais valores.

Não há mais tempo e espaço para um boa leitura. Há uma proliferação de informações na internet, manuais técnicos, apostilas de concursos, informações que devem servir para subir degraus, que nos levem a ganhar dinheiro rápido, reflexo do momento em que vivemos: homo-faber.

Há, por conseguinte, uma escassez de humanistas. Os resultados são desastrosos. Juizes e Administradores de empresas que não conseguem enxergar pessoas por trás dos processos. As leis que deixam de ser instrumentos a serviço da humanidade e passam a escravizar o homem. Manter o sistema tornou-se mais importante, ainda que para isto o homem tenha que sacrificar-se excessivamente, suportando um peso brutal de carga tributária e de serviços de má qualidade.

Muitos reconhecem a importância da filosofia, da ética, da literatura e da religião, mas elas se mostram, nos manuais ou nos ritos, pouco atrativas, talvez até para muitos, enfadonha.

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Javier Moro: “El Imperio eres tú”

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Javier Moro: “El Imperio eres tú”. Planeta. Barcelona (2011). 560 pgs.

     Quando chegou ao meu conhecimento que o Prêmio Planeta de 2011 tinha sido concedido a um romance que relatava a instalação do Império Brasileiro, a curiosidade catalisou o já habitual interesse com este galardão. Adquiri o livro na primeira oportunidade e chegou às minhas mãos, não sem antes pagar o pedágio costumeiro dos meus contatos na Espanha; neste caso minha irmã, professora de filosofia e leitora enciclopédica. O que foi ótimo, porque junto com o livro chegou uma avalizada opinião hispânica: “Para os que não conhecemos o Brasil, o livro, muito bem escrito, traz informações preciosas. E, naturalmente, a vontade é de conhecê-lo o quanto antes. As personagens estão descritas maravilhosamente, assim como os lugares e a enorme geografia brasileira. Grande mulher Leopoldina! D. Pedro, uma figura de cuidado…” Nas reticencias femininas pareceu-me entender uma mistura de compreensão e de amável crítica. Foi um bom ponto de partida que me espicaçou a vontade de ler, e me embrenhei no grosso volume, que consegue manter o interesse ao longo das quase 600 páginas.

Por elas desfilam as personagens muito bem delineadas. D. João VI, o rei que, a pesar das suas frequentes indecisões e pusilanimidades, foi “o único que conseguiu me enganar”, em palavras de Napoleão. A corte portuguesa se translada à colônia, deixando o general Junot, homem forte de Bonaparte, a ver navios….literalmente. Os navios que partem pouco antes da entrada dos franceses em Lisboa. Por lá desfila Carlota Joaquina, a espanhola que conspirou incansavelmente contra o trono do marido e que sempre desprezou o Brasil. Lá encontramos Maria a Louca, a Rainha Mãe, que não entendia o porquê das correrias que a forçaram a abandonar o palácio de Queluz. E Leopoldina, a arquiduquesa austríaca (uma Habsburgo legítima, bisneta de Maria Teresa de Áustria). A  futura Imperatriz do Brasil, perdidamente enamorada de Pedro, respondia com fidelidade maternal e com aprumo repleto de sabedoria às continuas infidelidades do Imperador, ajudando-lhe a construir o império, tornando-se sua melhor colaboradora e idolatrada pelo povo brasileiro. E José Bonifácio, o culto patriarca da Independência. E, naturalmente, Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, que arrastou D. Pedro à loucura, e lhe fez perder credibilidade internacional e, em longo prazo, o trono do Império.

Todas as personagens transpiram credibilidade, incarnam-se na trama, até o ponto de que o romance se funde com a história. Bem o adverte o autor que anota no final: “Os acontecimentos aqui narrados existiram realmente. As personagens, as situações, e o marco histórico são reais, e o seu reflexo fruto de uma investigação exaustiva. Dramatizei cenas e recriei diálogos em base da minha própria interpretação, para contar desde dentro, o que os historiadores contam desde fora”.

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