Eudora Welty: “A Filha do Otimista”. Editora Mandarim. São Paulo. 1997. 176 pgs.

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152925_955A escritora Eudora Welty ganha com esta obra o Premio Pullitzer em 1972. Uma narrativa fluida, fácil, que desenha um verdadeiro quadro de costumes, marca registrada dos escritores sulistas de USA. As personagens estão bem descritas, muitas vezes esboçadas mediante comentários precisos que são como uma radiografia da alma desses seres para quem a terra –o sul, o Mississipi- a família, os vizinhos são parte integrante do seu viver. Uma complicação inesperada de uma cirurgia oftalmológica acaba com a vida do juiz McKelva, viúvo e casado há um ano com Fay. O drama familiar junta a nova esposa com Laurel, a filha do primeiro casamento, seres completamente opostos. De um lado Laurel, também viúva, sensível, repleta de recordações; do outro Fay, a personificação do egoísmo e da insensibilidade. Esse é o verdadeiro drama, palco do romance, e as outras personagens são apenas coadjuvantes que colaboram para aumentar o contraste. A obra é de fácil leitura, mas nem por isso está desprovida de lirismo e de poesia. Os questionamentos surgem da reflexão, sempre muito feminina, e fazem pensar no que realmente importa na vida, na capacidade de perdão, nas bobagens que o homem é capaz de fazer  –verdadeiros sem sentido- e a contemplação do passado traz sempre o grande interrogante: sempre teria sido possível fazer mais, fazer as coisas melhor, quando se tem “um coração que pode se esvaziar e se encher outra vez, no tecido restaurado pelos sonhos”. Impossível deixar de pensar, enquanto se lêem estas páginas, nas tremendas diferenças –de formação, de postura, de sensibilidade- que existem entre as pessoas que acabam se juntando numa mesma família. Ter isso presente pouparia, talvez, muitos desgostos familiares; ou, pelo menos, ajudaria a encará-los de outro modo.

O paciente e a Família perante a morte: O Papel do Médico de Família

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Estudar a morte, o último evento da vida, do ponto de vista médico traz novidades de metodologia. Para começar o termo final vem dado, sabemos o que esperar. Por outro lado, a morte é um fenômeno individual: cada um morre sozinho, de um jeito determinado, com suas vivências personalíssimas. Cabe, pois, estudar o processo de morrer, propriamente dito, onde o médico -o profissional de saúde em geral- deverá ser um elo entre os outros dois termos do processo: o paciente, em fase fina da vida, e a família do paciente. Se no processo de cuidar e de curar, situado no âmago da atuação médica, deve-se lembrar que o protagonista é sempre o paciente e não o médico, no caso da morte esta ressalva assume particular destaque. De qualquer forma é bom recordar que o médico, o bom médico, pode aspirar no máximo a ser um bom coadjuvante no processo. O ator principal é sempre o paciente.

Mas a função de coadjuvante não pode fazer perder de vista o que denominamos postulado fundamental da Medicina de Família: “Perante a doença, o único profissional é o médico. A família e o paciente são sempre amadores”. Quer dizer, é do médico de quem devemos esperar uma atitude profissional na situação que nos envolve, e não do paciente, nem da família. Traduzindo em exemplos do dia a dia: não existe o paciente complicado, a família difícil de lidar. São desafios para o médico que com seu profissionalismo deverá dirigir a situação. O paciente que não adere ao tratamento, que não confia no profissional, a família insegura são, embora seja penoso reconhecê-lo, resultado de falta de competência do médico que não soube conduzir-se com a atitude correta.

Estudar a morte, o último evento da vida, do ponto de vista médico traz novidades de metodologia. Para começar o termo final vem dado, sabemos o que esperar. Por outro lado, a morte é um fenômeno individual: cada um morre sozinho, de um jeito determinado, com suas vivências personalíssimas. Cabe, pois, estudar o processo de morrer, propriamente dito, onde o médico -o profissional de saúde em geral- deverá ser um elo entre os outros dois termos do processo: o paciente, em fase final da vida, e a família do paciente. Se no processo de cuidar e de curar, situado no âmago da atuação médica, deve-se lembrar que o protagonista é sempre o paciente e não o médico, no caso da morte esta ressalva assume particular destaque. De qualquer forma é bom recordar que o médico, o bom médico, pode aspirar no máximo a ser um bom coadjuvante no processo. O ator principal é sempre o paciente.

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Medicina e Pessoa Humana

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Uma medicina técnica, institucional e despersonalizada

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Em nosso tempo, presidido por uma medicina altamente técnica, a prestação de serviços compete, em geral, às instituições – sejam elas públicas ou privadas – e, conseqüentemente, de perfil cada vez mais impessoal. A relação médico-paciente, essência da prática médica, dificilmente encontra espaço neste universo. Caminha-se, fatalmente, para uma despersonalização da medicina. Aqui está, em poucas palavras, o cerne da questão que emerge com evidência quando contemplamos o panorama que o atendimento médico nos oferece neste final de século.

Essa é a questão e o problema, se é que de um problema se trata. A nossa tarefa não consiste tanto em encontrar os culpados – que, a rigor, não existem com consciência culpável – como em achar soluções para recuperar a base da arte médica. Cabe, no entanto, uma análise breve das razões que conduziram a medicina – e com ela os médicos – a esta condição que, curiosamente, parece não preencher as necessidades básicas do paciente. Afinal, é com ele que está a palavra e o juízo de valor: se a prática médica não satisfaz o indivíduo doente pode ser útil para muitas coisas mas, falando com propriedade, aquilo não será medicina.

Vivemos tempos de progresso tecnológico vertiginoso; as novidades e descobertas sucedem-se em ritmo onde os dias são medida insuficiente, devendo se recorrer aos minutos para registrar os avanços da técnica. O aumento do volume de conhecimento requer, para sua correta administração, a necessária divisão técnica. Surgem as especialidades, as sub-especialidades, as micro-especialidades, uma tentativa de armazenar o progresso, de catalogar os recursos para, estudados com profundidade, poder depois prestar um serviço altamente especializado e eficaz. Nunca foi mais evidente que os sonhos de “enciclopedismo”, em tentativa frustrada de reunir o conhecimento vigente da época presente, são hoje postura anacrônica quando não ingênua. O progresso é uma realidade incontestável. Os especialistas e super-especialistas são o fruto natural desse contexto.

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Susanna Tamaro: “Luisito, Uma historia de amor”. Rocco 126pgs.

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luisitoComprei este livro há 1 ano, guardei-o no armário e hoje, aproveitando uma viagem e as esperas de aeroporto o devorei de uma tacada só. Senti-me um pouco envergonhado pela demora. Sim, desconfiei que um livro pequeno –uma fábula, diz a orelha- pude-se me impactar. Afinal, já li quase todos os livros da Tamaro e pensei que seria mais um. Enganei-me. Susanna Tamaro continua me surpreendendo. Possui essa capacidade de inventar a vida; inventar no sentido que Ortega utilizava, do original latino invenire, descobrir, redescobrir se preferirmos. Os inventores da vida, apontava Ortega, são os que a descobrem nas pequenas coisas, no quotidiano que os rodeia, nas miudezas, a verdadeira grandeza do viver e por isso não se perdem em quimeras que nunca verão realizadas. Luisito é uma invenção da vida. E Luisito é um papagaio colorido que Anselma encontra um dia no depósito onde se recolhe o lixo do prédio. Anselma, viúva, professora aposentada, machucada pela família e pela vida, encontra no colorido do papagaio uma luz, um arco-íris que iluminará sua existência. E com a luz chega a esperança, o amor, o entendimento das coisas que realmente valem a pena no nosso curto existir – aquelas que não são úteis, e por isso são importantíssimas, numa condena definitiva da sociedade utilitarista que nos sufoca. Com a esperança chega o amor, a compreensão, a coragem de saber perdoar –entender ao menos- as injustiças. Sim, uma fábula encantadora, uma espécie de ópera lírica em um ato, onde o diálogo –melhor monólogo, pois o papagaio mal esboça duas palavras- nos faz refletir. E nos confirma na necessidade que todos carecemos: ter alguém que nos ouça e nos entenda, em silêncio, nos sorrindo como o papagaio empoleirado no canto da sala.

Natalia Ginzburg: “Lexico Familiar”. Paz e Terra. 1988. 246 ps.

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lessico famigliare-fronteA autora, considerada uma das melhores narradoras em língua italiana da atualidade, relata aqui a historia da sua família, judeus italianos.  Não o faz de modo cronológico, nem detalhado. Os grandes eventos –casamentos, nascimentos, mortes- mal os comenta. No entanto, se detêm – e nota-se que o faz com gosto- , nos detalhes, nos modos de dizer, nesse amplo espectro do “léxico familiar” que é o modo real de entender-se dentro de uma família. As brigas, os dizeres, as manias variadas aparecem assim com toda naturalidade sem que isso diminua em nada a união familiar, o respeito e o carinho. Entender os outros como eles são, dar-lhes espaço, respeitar seu modo de ser. Quem sabe é isso o que tanta falta faz hoje: os detalhes dentro de uma família, e o respeito pelas peculiaridades e até pelas manias, sabendo envolver todos num carinho que está por cima de pequenas brigas. No final do livro, a autora explica a importância dessa espontaneidade num parágrafo que é significativo: “Os nossos erros eram gerados por impulso, imprudência, estupidez e candura. Os erros de Pavese nasciam da prudência, da astúcia, do raciocínio, da inteligência. Nada é tão perigoso como essa espécie de erros. Podem ser mortais, como foram para ele, porque é difícil voltar pelos caminhos em que se errou por astúcia. Os erros que se cometem por astúcia nos envolvem estreitamente: a astúcia finca em nós raízes mais profundas do que a irreflexão ou a imprudência. Como se soltar desses laços tão tenazes, tão apertados, tão profundos? A prudência, o raciocínio, a astúcia tem o rosto da razão: o rosto, a voz amarga da razão, que argumenta com seus argumentos infalíveis, aos quais não há nada a responder, só a concordar”.  Um belo ensaio que nos faz sentir saudades –e muita falta- da espontaneidade em família, do que verdadeiramente une os membros de uma família.

Irène Némirovsky: “O Senhor das Almas”. Companhia das Letras. São Paulo. 2008. 230 pgs.

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NemirovskyUm romance que relata a historia de Dario Asfar, médico judeu emigrado da Criméia (Rússia) à França nos anos 20 do século XX.  O protagonista e sua família vêm de condição modesta, passam fome, são desprezados como emigrantes no sofisticado ambiente parisiense. A oportunidade de crescimento profissional se apresenta por caminhos que desmerecem a profissão médica. Aquilo que no início se considera espúrio vai se tornando natural. Afinal, tudo é válido para fugir da miséria e da humilhação da raça e do berço humilde que se carrega como uma marca de por vida. A autora, também judia russa emigrada para a França, penetra na psicologia das personagens, e mostra como diante das dificuldades na vida, as pessoas claudicam e abrem mão da ética e dos princípios. Por contraste, coloca também personagens que passam incólumes pelo ambiente sórdido, sem contaminar-se. Temos aqui um romance menor que, sem chegar às profundezas dos clássicos da literatura russa, transita com facilidade pelo universo psicológico e moral das figuras que descreve.

A Última Fortaleza: uma metodologia da liderança

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A última fortaleza(The last castle) Diretor: Rod Lurie. Robert Redford. James Gandolfini, Mark Ruffalo, Delroy Lindo. 120 min.Estas linhas são um acerto de contas comigo mesmo, o pagamento de uma antiga dívida que até então carregava comigo. Refiro-me ao filme “A Última Fortaleza”, ao qual assisti há alguns anos – seis, talvez sete –, e do qual gostei muito, embora, à primeira vista, de um modo genérico, inespecífico, sem fixar-me em nenhum detalhe em particular. Como sempre procuro fazer quando um filme me empolga, comecei a recomendá-lo aos amigos, mas naquela primeira ocasião não cheguei a escrever nenhuma linha a respeito. Talvez seja exatamente por isso que até hoje não havia atinado com as razões da minha satisfação pelo filme. Com efeito, escrever é algo que nos leva a refletir e a dissecar a realidade. À base de “dialogar” com as idéias que acodem à mente vamos pouco a pouco transferindo ao papel frases de significado mais ou menos intenso, conforme o grau de lhaneza com que encaramos a realidade. “Você consegue colocar em palavras o que a gente sente” – dizem, às vezes, os que se aventuram a ler o que escrevo. Na verdade, ocorre-me exatamente o oposto: são as palavras que me levam pela mão a compreender os sentimentos humanos. Na palavra escrita, as intuições tornam-se transparentes e as emoções assumem uma forma serena, acessível, convidativa. No final de sua vida, Borges dizia que mesmo cego continuava comprando livros, pois gostava de rodear-se do aconchego e da amável presença que os livros lhe proporcionavam.

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Muriel Barbery: “A elegância do Ouriço”. Companhia das Letras. São Paulo. 2008. 350 pgs.

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EleganciaUm mano a mano entre duas personagens singulares. De um lado a zeladora de um prédio de luxo em Paris, mulher de profunda cultura, que esconde sua esmerada educação intelectual atrás de um emprego prosaico. Ela é a portadora da verdadeira elegância do ouriço, espinhoso e rude por fora, delicado interiormente. Do outro lado encontramos uma adolescente de 13 anos, moradora do prédio, e filha de uma família de posses. Subtil, reflexiva, alia a simplicidade própria das crianças, com uma cultura notável. O resultado é um encantador romance filosófico, leve na forma, atrativo, original. Mas a leveza da leitura serve para facilitar os recados profundos, verdadeiras cargas de profundidade, que detonam – no sentido estrito da palavra, explodem!- uma sociedade superficial, acomodada nas formas, governada por uma frivolidade estarrecedora, mesmo que trate de fantasiar-se com ares intelectuais. Um belíssimo e oportuno recado para os tempos que vivemos, saturados de modismos e grifes, de analfabetismo esnobe, com carência absoluta de conteúdo. O livro é um verdadeiro descanso que promove a reflexão, cria esperança e nos arrebata da mediocridade reinante. E tudo escrito de modo elegante, numa tradução bem feita do original francês. Valem dois exemplos textuais, nas palavras da zeladora filósofa:

– O que é uma aristocrata? É uma mulher a quem a vulgaridade não atinge, embora esteja cercado por esta.

– Para que serve a Arte? Para nos dar a breve mas fulgurante ilusão da camélia, abrindo no tempo uma brecha emocional que parece irredutível à lógica animal. Como nasce a Arte? Nasce da capacidade que tem o espírito de esculpir o campo sensorial. Que faz a Arte por nós? Ela da forma e torna visíveis nossas emoções, e, ao fazê-lo, apõe o selo de eternidade presente em todas as obras que, por uma forma particular, sabem encarnar a universalidade dos afetos humanos.

Um ato de liberdade: O coração de um líder

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Há filmes ótimos que passam totalmente despercebidos do grande público. Não sei por quê. Parece até que são tacitamente sabotados pela mídia. Um ato de liberdade é um deles. Tive oportunidade de assisti–lo antes de entrar em cartaz, num avião, fora do País. Depois, quando fui alinhavando ideias para escrever sobre ele, busquei-o na programação dos cinemas e o encontrei encostado num canto, sem nenhuma estrela – não digo poucas, mas nenhuma estrela, totalmente ignorado –, alocado em pouquíssimas salas de cinema da Cidade, em horários completamente esdrúxulos. Esta era a situação quando fazia apenas três semanas que estava em cartaz. Um despropósito!Perguntei aos amigos e comentei com colegas. Ninguém o conhecia. Por que o silêncio? Talvez porque estejamos cansados de filmes sobre o holocausto, embora, neste caso, o tema fosse justamente o contrário: o jeito de safar–se do holocausto. Talvez porque o protagonista – encarnado por Daniel Craig – não tenha conseguido se desvencilhar da imagem de 007 que lhe foi emplacada nos últimos dois filmes do agente britânico. Ou simplesmente porque Hollywood não anda tendo muita coisa nova a oferecer. Ou então porque o filme não seja politicamente correto, embora nos tempos em que vivemos seja cada dia mais difícil atinar com o significado exato desta consagrada expressão e fazê–la compatível com o respeito às minorias, com a responsabilidade social e a solidariedade ecológica. Confesso que são tantos os parâmetros do “politicamente correto” que é muita areia para o meu caminhão!A verdade é que eu já vinha seguindo a pista do filme, desde que tive ocasião de ler um comentário em certa publicação estrangeira. O filme não foi nenhuma supressa e, pensando bem, a reação – o silêncio da mídia – também não o foi. Edward Zwick é um diretor forte, com temática centrada: a liderança na adversidade. Seu currículo fala por si: Tempos de Gloria, Coragem sob Fogo, O Último Samurai, e o recente Diamante de sangue. Leia mais

Gran Torino: A liderança de si próprio

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(Gran Torino) . Diretor: Clint Eastwood. Clint Eastwood, Bee Vang, Ahney Her, Christopher Carley, John Carroll Lynch. 116 min.

gran-torino_1“Um filme onde Clint Eastwood, o machão de ‘Dirty Harry’ e ‘Magnum 44’, acerta as contas com ele mesmo”. Esse era o tom das manchetes quando o filme entrou em cartaz. Mais uma vez, porém, fui obrigado a discordar das críticas repletas de lugares-comuns, prontas para serem consumidas por um público em que a superficialidade reina soberana, e que por isso mesmo engole qualquer comentário simplista.A verdade, no entanto, é outra. Há tempos Clint Eastwood vem arrumando as próprias contas e nos surpreendendo com filmes ótimos, de sensibilidade delicada, tais como “Cartas de Iwo Jima”, “Sobre Meninos e Lobos”, “A Troca”, dentre outros. Longe ficou aquela figura do policial durão, do sexista – como se diz hoje, em rasgado anglicismo – para surgir o homem maduro, o cavalheiro, que sintoniza com o universo feminino e não teme transparecer os próprios sentimentos. É bem verdade que esse percurso de ajuste de contas teve suas idas e vindas, sobretudo quando Clint entra em cena. É o egoísmo que se disfarça de compaixão em “Menina de Ouro”, incapaz de suportar o sofrimento, não tanto o alheio quanto o próprio. É o romance impossível que transpassa e marca para sempre a vida da mulher rural em “As pontes de Madison”, onde o diretor-ator demonstra notável conhecimento dos sentimentos femininos; verdadeiro ensaio que busca contestar o provérbio “ninguém entende as mulheres”: “Um momento” – parece dizer o fotógrafo das pontes de Madison – “eu as entendo!”. E, para demonstrá-lo, conduz Meryl Streep a construir a inesquecível “Francesca”. São tentativas vitais de quem aposentou as armas do justiceiro implacável – do “eu-resolvo-tudo” –, e quer olhar o interior do ser humano, com respeito, buscando apenas aprender. Talvez seja por isso que Eastwood demore a voltar em cena e fique atrás das câmaras, dirigindo – quer dizer, tentando entender os bastidores da alma humana. Agora, porém, entra novamente em ação, apesar de avisar que será seu último filme como ator. Eu tenho cá minhas dúvidas…Leia mais