COMER, BEBER, VIVER
COMER, BEBER, VIVER. (Eat, Drink, Man, Woman). Diretor: Ang Lee. Sihung Lung, Sylvia Chang, Chien-Lien-Wu USA,Taiwan 1994. 123 min.

A comida, a boa comida, já foi poesia feita cinema em A festa de Babette. A comida é também elemento de relacionamento humano, necessidade fisiológica que pode se transformar em amável desculpa para conversar, para falar, para entender-se.
O diretor chinês Ang Lee apresenta uma história familiar de Taiwan, onde as pessoas “contam suas coisinhas” à volta da mesa do almoço de Domingo. As pessoas são um cozinheiro viúvo e as três filhas, de caracteres e orientações completamente distintas. O almoço -como não poderia deixar ser na linguagem cinematográfica chinesa- é suculento e magnificamente apresentado: molhos, aromas e o borbulhar barulhento das frituras parecem querer pular da tela, salpicando o espectador.

As mulheres -as três filhas- são as solistas desta sinfonia culinária que, apesar de ter os mesmos elementos (pai e três filhas) do rei Lear shakespeareano em nada se assemelha. O motivo é simples: aqui não se focaliza o relacionamento, simplesmente porque cada um funciona por sua conta, num individualismo que é tão gráfico como os molhos e temperos. A casa -mais casa do que lar- vai se desfazendo, a golpe de “coisinhas” que pipocam nos almoços dominicais, decisões unilaterais, nunca diálogo.
Leia mais