ACONTECEU NAQUELA NOITE
ACONTECEU NAQUELA NOITE.(It happened one night). Diretor: Frank Capra. Clark Gable, Claudette Colbert. USA 1934. 110 min.

Quando ainda adolescente pude ver na TV “Aconteceu naquela noite” nem sabia quem era Frank Capra. Lembro bem: foi num programa de Cine Clube, dentro de ciclo dedicado a Clark Gable, que também não conhecia. Somente de ouvir minha mãe falar e de que tinha qualquer relação com “E o vento levou” que eu não podia assistir por ser proibido para menores de l4 anos.
Ficou-me uma sensação agradável e romântica, como costuma acontecer nesta idade com os filmes de amor. E isso sim, guardei bem a imagem do cobertor dependurado entre as duas camas, como “as muralhas de Jericó”. Parece-me recordar que até brinquei no dia seguinte com o colega que sentava na carteira vizinha no colégio. Brincadeira sadia, de garotos, que nada de maldade entreviam -porque aliás nada tinha de mau- nas “muralhas de Jericó”.

Muitos anos depois, já tendo revisto o filme de Capra e admirado outras das suas produções, caiu em minhas mãos um livro desses que se publicam hoje, fabulosa reportagem gráfica dos filmes importantes de Hollywood. No capítulo “Romance” (estava escrito em Inglês) o autor introduzia o tema falando do filme de Capra, das muralhas de Jericó. E, perante a avalanche -assim o reconhecia- de erotismo, amor sexualizado, perguntava-se, não sem certa saudade, se não seria o caso de levantar novamente “outras muralhas de Jericó”, para contendo o assim chamado amor comercial, sexo fácil, recuperar o romantismo de outrora. O cinema de Frank Capra é repleto de valores. Mas deixaremos todos eles no tinteiro para apenas debruçar-nos sobre “Aconteceu naquela noite” e descobrir o romantismo perdido, que tanto lamentava o autor de “History of the Movies” (assim se chamava o livro em questão).
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