UM SONHO DE LIBERDADE
(The Shawsahank Redemption) Diretor: Frank Darabont. Tim Robbins, Morgan Freeman .USA, 1994 146 min.
A liberdade é, hoje em dia, um lugar comum. Cada vez se fala mais dela, e menos se consegue entendê-la. Ensaios sobre a liberdade não faltam, a modo de variações sobre um tema, que permanece oculto. Assim liberdade de opinião, liberdade de expressão, de culto, sexual, de opção. Será a liberdade condimento de todos os pratos? Certamente. A liberdade é algo inseparável do ser humano, da qual não pode prescindir se quer continuar sendo plenamente homem. Pode-se conceber homem sem braço, sem perna, mesmo sem intelecto desenvolvido; homem sem liberdade não existe. Daí que a liberdade é qualidade interior, mais seiva do que folha; um nutriente que sustenta o metabolismo da planta e não simples estufa que a protege das inclemências do tempo.
Em se tratando de um presidiário, falar de liberdade -sonhar com ela- parece assunto de objetivos bem restritos: sair, o quanto antes, da prisão. Mas este filme magnífico surpreende mostrando a outra cara da liberdade. Realizado sobre argumento já batido, é admirável como de um ambiente sórdido e pouco edificante pode destilar poesia. E destila com bom gosto, com doses certas de humor, sem cair na ingenuidade – afinal uma prisão “não é um mar de rosas”- nem no pessimismo deprimente, justamente porque a seiva da liberdade atua com eficácia. A liberdade que corre parelha com a esperança, “aquilo que ninguém pode tirar-te, que é só teu”, diz o protagonista sobre o qual o filme se apoia. Um homem culto, um banqueiro, que tem a grandeza de alma suficiente para passear no pátio do presídio, como se estivesse “protegido por um escudo invisível”, com a despreocupação de quem passeia num belo parque público.
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