FAMILIA E VOCAÇÃO PROFISSIONAL: VARIAÇÕES PROCURANDO CAMINHOS DE COMPREENSÃO

CEU DE OUTUBRO
(October Sky) Dir: Joe Jonhston. Jake Gyllenhall, Chris Cooper, Laura Dern, Chris Owen. 128 min. 1999.

BILLY ELLIOT – QUERO DANÇAR
(Billy Elliot) Dir: Stephen Daldry. Julie Walters, Jamie Bell, Jamie Droven, Gary Lewis. 110 min.

“Não faz mal que dediques o teu tempo livre a montar foguetes, se isso te faz feliz… sempre que tomes cuidado. Afinal, há hobbies bem piores. Mas, faltar ao trabalho isso é outra questão. Já sabes quanto me orgulha que trabalhes comigo. Você vai ser mineiro como seu pai”. Veredicto final, silêncio, entra a música, e o garoto responde: “A mina de carvão é a tua vida, não a minha. Nunca mais entrarei nesse buraco. Eu quero viajar no espaço”.

Está situado o núcleo do filme e, mais importante, da questão. De quem é a vida dos filhos? Deles ou dos pais? Problemática antiga, de sempre, com variações acordes com os tempos e as oportunidades profissionais, mas que permanece idêntica na sua essência. É condição humana que os formadores –pais, professores, preceptores- pensemos que sabemos o que realmente convém aos jovens que nos foram confiados. Afinal, o esforço por criá-los, as dificuldades que enfrentamos de contínuo, nos fazem amadurecer e ponderar, com imensa sensatez, os prós e contras das opções que a vida coloca como desafios. Conhecemos muito bem o que fazemos, temos experiência. Nada mais lógico que pretender que aqueles que formamos e amamos aproveitem dela, ganhem tempo, sejam poupados de incômodos que nós tivemos de enfrentar. “Não quero que meu filho passe pelo que eu passei…”. Quem não ouviu –e ouve, a toda hora- essa exclamação como símbolo do amor paterno?
