Eça de Queiroz: Ecos do Mundo
Carambaia. São Paulo. 2019 445 págs.

Arrasto a leitura deste livro há bastante tempo. Coisa de anos. Mas arrastar não é o termo certo; melhor dizer, degustar. Porque ler as crônicas que Eça de Queiroz escreveu no final do século XIX, obviamente não é buscar novidades. Não se trata tanto do que ele relata, mas de como o relata. Degustar para ir saturando-se, por osmose, do bom estilo, da escrita elegante, irônica e precisa.
Lembrei de algo que já comentei a propósito de um livro de Drummond e que anotei no seu momento: “Coincidi durante as férias com um amigo, escritor prolífero e, sabendo que eu tinha uma obra de Drummond comigo, a pediu emprestada por algumas horas. A minha cara de surpresa foi interpretada como uma interrogação, e ele respondeu de bate pronto: “Estou escrevendo alguma coisa, e preciso pegar vocabulário”.
Para escrever e fazer-se claro, para transmitir as ideias que levamos dentro e tomam forma sobre o papel -ou sobre a tela- é preciso ler, pegar vocabulário, ganhar fluência no idioma. Deve ser esse o motivo, aliás a consequência, dos diálogos quase bárbaros, onde além das faltas de ortografia -nem dizer de sintaxe, isso já é para PhD- surgem espasmos, emoticons, neologismos toscos (Guimarães Rosa, que tanto sabia desse riscado, deve se contorcer no túmulo).
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