Eça de Queiroz: Ecos do Mundo

Pablo González BlascoLivros Leave a Comment

Carambaia. São Paulo. 2019 445 págs.

Arrasto a leitura deste livro há bastante tempo. Coisa de anos. Mas arrastar não é o termo certo; melhor dizer, degustar. Porque ler as crônicas que Eça de Queiroz escreveu no final do século XIX, obviamente não é buscar novidades. Não se trata tanto do que ele relata, mas de como o relata. Degustar para ir saturando-se, por osmose, do bom estilo, da escrita elegante, irônica e precisa.

Lembrei de algo que já comentei a propósito de um livro de Drummond e que anotei no seu momento: “Coincidi durante as férias com um amigo, escritor prolífero e, sabendo que eu tinha uma obra de Drummond comigo, a pediu emprestada por algumas horas. A minha cara de surpresa foi interpretada como uma interrogação, e ele respondeu de bate pronto: “Estou escrevendo alguma coisa, e preciso pegar vocabulário”.

Para escrever e fazer-se claro, para transmitir as ideias que levamos dentro e tomam forma sobre o papel -ou sobre a tela- é preciso ler, pegar vocabulário, ganhar fluência no idioma. Deve ser esse o motivo, aliás a consequência, dos diálogos quase bárbaros, onde além das faltas de ortografia -nem dizer de sintaxe, isso  já é para PhD- surgem espasmos, emoticons, neologismos toscos (Guimarães Rosa, que tanto sabia desse riscado, deve se contorcer no túmulo).

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Maxence Van der Meersch: Corpos e Almas

Pablo González BlascoLivros Leave a Comment

Editorial Minerva. Lisboa 1961 599 págs.
Versão em espanhol: Cuerpos y Almas ePubLibre. Editor digital: Titivillus. 711 págs.

Volto a mergulhar nesta obra que li há mais de 40 anos, no final da faculdade de medicina, ou talvez, já sendo um médico novato. Lembro que tinha gostado muito, impactou-me. Mas, curiosamente, pouco recordava do argumento -uma sinfonia coral com inúmeros personagens-  e muito menos dos detalhes. Apenas pairava na minha memória a força de uma conversão vocacional, um resgate da essência de ser médico. Hoje, as vivências nas leituras são muito diferentes, variadas, profundas. Comprovei, mais uma vez, o que dizia Borges: quando voltas sobre um livro muitos anos depois, parece outro; não é o livro , mas você quem mudou!

Temos o livro na nossa biblioteca mas está muito desgastado, as letras são pequenas, e ….a vista não é mais a mesma de 40 anos atrás, também muda. Consigo uma versão digital em espanhol, e reparo que o Prefácio -de leitura indispensável- está escrito por um historiador que conheço de outras publicações. Um prefácio acertado, que nos situa no contexto do autor. Vale copiar alguns parágrafos não sem antes advertir, que o exemplar que tenho em português é de uma editora de Lisboa. Não existe no Brasil. Mais um desafio convidativo aos editores brasileiros para reproduzir esta obra.

Assim intitula Alfredo Méndiz o Prefacio: Um escritor olvidado: Maxence van der Meersch. E continua: “Trabalhador da pena, da caneta”: assim se descreveria com frequência alguns anos depois, como operário fabril. Tendo que escrever para sobreviver, Maxence Van der Meersch descobriu um novo mundo: sentia-se imerso na vida real. Seus esforços literários anteriores em publicações universitárias lhe escaparam como frivolidade infantil. Agora ele tinha algo a contar: havia perscrutado o poço da vida e observado sua escuridão.  Observava tudo meticulosamente, na melhor tradição flamenga, pesquisava tudo, preparando milhares de arquivos sobre lugares e personagens, e  não estava imune, especialmente em seus primeiros romances, a um certo fatalismo determinista. Sua relação com o Abade Pinte teve muito a ver com a abordagem de Van der Meersch à Igreja. Na realidade, ele sempre foi um crente — há traços evidentes de fé também em seus primeiros romances —, mas foi somente em meados da década de 1930 que se tornou o homem radicalmente católico que seus biógrafos e críticos atuais reconhecem nele. Quando se converteu, Van der Meersch já era um literato, um escritor naturalista. E não imaginava que precisaria deixar de sê-lo dali em diante: sua intenção era claramente ser um escritor naturalista e cristão. É por isso que às vezes é chamado de Zola Cristão.

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Patrick Bringley: Toda la Belleza del Mundo

Pablo González BlascoLivros Leave a Comment

Planeta, Barcelona, 2024- 217 págs.

Através das críticas literárias que costumo ler, chega-me esta recomendação instigadora. O autor escreve, obviamente, em inglês, mas consigo a versão em espanhol de  All the Beauty in the World e traduzo livremente ao português. Mais uma dica para os editores, visto que o livro não está traduzido à nossa língua, e mereceria.

O prefácio que apresenta o livro faz um resumo preciso do que vamos enfrentar, ou melhor, desfrutar. Copio textualmente:  “Milhões de pessoas sobem todos os anos a grande escadaria de mármore para visitar o Museu Metropolitano de Arte de New York (MET), mas apenas uma minoria privilegiada tem acesso irrestrito a todos os seus cantos e recantos: são os vigilantes, que circulam discretamente em trajes azul-marinho, com um olhar atento ao tesouro de 185.000 metros quadrados”.

E, logicamente, as motivações do autor: “Absorvido no início de sua glamorosa carreira no The New Yorker, Patrick Bringley nunca imaginou que acabaria por ser um deles. Tudo mudou quando ao seu irmão mais velho foi diagnosticado um câncer terminal, momento em que sentiu a imperiosa necessidade de afastar-se do bulício quotidiano. Assim, deixou o semanário e procurou consolo no lugar mais belo que conhecia. Para sua surpresa, e para deleite do leitor, esse refúgio tornou-se o seu segundo lar durante uma década. Acompanhamo-lo enquanto guarda delicados tesouros do Egipto a Roma, vagueia pelos labirintos sob as galerias, gasta nove pares de sapatos e se maravilha perante as belas obras sob seu cuidado. Bringley entra no museu como um fantasma, silencioso e quase invisível, mas rapidamente encontra a sua voz e a sua tribo: as obras de arte e os seus criadores, e a vívida subcultura dos vigilantes do museu — um magnífico mosaico de artistas, músicos, operários dedicados, imigrantes, brincalhões e sonhadores. À medida que se fortalecem os laços com os seus colegas e com a arte, compreende o quão afortunado é por viver entre as paredes desse pequeno universo que tanto se assemelha às melhores facetas do nosso mundo, ao qual regressa com gratidão de forma gradual”.

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Uma Profissão Séria: os professores que se cuidam e aprendem entre eles

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Un métier sérieux. Diretor:  Thomas Lilti. François Cluzet, Adèle Exarchopoulos, Vincent Lacoste, William Lebghil, Bouli Lanners, Louise Bourgoin, Lucie Zhang, Léo Chalié, Mustapha Abourachid. França, 2023. 101 min.

Ser professor, ensinar, não é para qualquer um. Lembro de ter feito este comentário há algum tempo, a propósito de outro filme de professores. E não é para qualquer um, porque ensinar não é despejar conhecimentos, cumprir tabela, cingir-se ao conteúdo programático, e sair porta afora, para voltar e aplicar a avaliação  aos alunos. Nos tempos de hoje, qualquer robô turbinado com IA faz isso muito melhor do que um simples ser humano. Ser professor é fazer da vida uma missão que implica cuidado -próprio e dos pares- criatividade, dar apoio e sentir-se também ajudado. É, de fato, uma profissão séria, o título que nos chega da França. Mais um bom filme sobre a vocação de ser professor. Ajuda mútua, equipe verdadeira, nos desafios da vida.

Mas não é um filme simples, doce, de argumento linear e final previsível. É uma produção árdua, com lombadas, porque fala da vida como ela é. Da vida dos professores de um Instituto público na periferia de Paris, e dos equilíbrios que têm de fazer com os alunos, com a direção da escola, e… com a própria vida.

Não é um filme focado no aluno problema, um desafio evidente que todo docente enfrenta. Mas sim um ensaio sobre os bastidores, sobre o cuidado necessário que é preciso ter com os próprios colegas. Enquanto escrevo estas linhas vem à memória dois exemplos que utilizei diversas vezes para tornar claro este cuidado.

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José Ortega y Gasset: Meditação sobre a Técnica

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Livro Ibero-Americano Ltda. Rio de Janeiro, 1963. 125 págs.

Volto sobre esta obra de Ortega, que li há 30 anos, e da qual guardei uma ideia luminosa: a técnica é o esforço para poupar esforços. Hoje, com ocasião de um Congresso que pretende aliar técnica e humanismo, debruço-me cuidadosamente sobre as páginas deste curso -foi um curso, não propriamente um livro- que Ortega deu na universidade de verão em 1933. As palavras do filósofo espanhol, quase um século depois, se revestem de uma advertência profética que, confesso, não adverti quando li por primeira vez há três décadas.

Assim escreve Ortega, de modo claro e contundente: “A técnica é o esforço para poupar esforço, ou, dito de outra forma, é o que fazemos para evitar, total ou parcialmente, as tarefas que as circunstâncias nos impõem”. E logo a seguir adverte: “Todos concordam com isso; mas é curioso que apenas uma de suas faces, a menos interessante, o anverso, seja compreendida, e o enigma que seu reverso representa não seja percebido. Este é o enigma:  para onde vai esse esforço poupado e não utilizado? A questão se torna mais evidente se usarmos outros termos e dissermos: se, por meio da ação técnica, o homem se isenta das tarefas impostas pela natureza, o que ele fará, quais tarefas ocuparão sua vida?”.

A modo de uma primeira conclusão escreve: “A questão, portanto, não é adjacente, mas pertence à própria essência da técnica, e isso não pode ser compreendido se simplesmente confirmarmos que ela economiza esforço e não nos perguntarmos como o esforço poupado é gasto. A técnica, cuja missão é resolver problemas para o homem, tornou-se subitamente um novo e gigantesco problema (…) E por isso ínsito que o significado e a causa da técnica residem fora dela; ou seja, no uso que o homem faz de suas energias vagas, liberadas por ela. A missão inicial da técnica é esta: dar ao homem a liberdade de ser ele mesmo”.

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Gilles Marchand: El soldado desafinado

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Seix Barral, Planeta, 2024. Barcelona, 141 págs.

TÍTULO ORIGINAL : Le Soldat désaccordé.

Chega-me, através das críticas literárias que acompanho,  a referência deste livro -diferente e provocador. Consigo a versão digital em espanhol, não sem antes comprovar que não há -pelo menos até o momento- tradução para o português. Esse é  o meu primeiro recado, reforçado pelos comentários a seguir, também em português, com livre tradução de algumas passagens tocantes da obra. No fundo, o recado é para os editores animarem-se a tomar a iniciativa e traduzir o livro.

O autor, (Bordeaux, 1976), ganha o Prix des Libraires, com o soldado que está fora de sintonia. Uma história realista e de grande emotividade -pareceu-me a prosa poética de alguns clássicos (R. Tagore, Juan Ramón Jiménez- ambos Nobel de Literatura). Um combatente da primeira guerra mundial, ferido e aleijado na batalha do Marne (logo no início, 1914), dedica-se em tempos de paz a buscar soldados desaparecidos no conflito. Com ênfase naqueles que foram injustamente acusados de deserção, o que compromete a pensão das viúvas e das famílias. E das viúvas que lhe procuram chega até as aristocratas que se empenham em que seus filhos estão vivos.

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Ao Mestre com Carinho:  Um clássico inovador dos paradigmas educacionais

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To Sir, with Love. Diretor: James Clavell. Roteiristas. E.R. Braithwaite. James Clavell. Artistas. Sidney Poitier. Judy Geeson. Christian Roberts. Suzy Kendall. 1967 h 45 min

Voltei várias vezes sobre este filme clássico, que assisti por primeira vez há mais de 50 anos. O rosto, sério e amável, de Sidney Poitier acompanhou-me sempre na minha trajetória educacional. E, sempre, assistindo com público variado -alunos, professores, colegas- perguntei-me o porquê do sucesso. Afinal, um filme simples, de baixo orçamento, embrulhado numa canção doce e quase melosa, que transpira agradecimento a um professor que teve a coragem de encontrar soluções a novos desafios. Dos muitos filmes de professores que tive oportunidade de ver e comentar, não posso dizer que este foi o melhor, nem com mais glamour. Mas certamente, foi o primeiro. Penso que ai está o mérito, o sucesso, e o motivo que nos faz lembrar com carinho a todos os que militamos na cenário da educação.

São os anos revoltos no final da década de 60, alunos que fazem questão de não aprender nada -porque talvez nada esperam da sala de aula-, ariscos, incômodos, mal educados. Do outro lado a elegância britânica do professor, um engenheiro chegado da Guiana.

Sim, foi o primeiro a quebrar os paradigmas educacionais, para encontrar soluções. “Tentei de tudo, mas não funciona. São demônios” -comenta o professor  Thackeray, com a colega de trabalho. De repente, uma luz: joga os livros de texto no lixo, e olha para os alunos. Agora sim, novas perspectivas: Sem livros. “O que vamos estudar, do que vamos falar?” -perguntam os jovens perplexos. “Da vida, da sobrevivência, da morte, do sexo, do amor”.

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Ary Nasi: As Alcachofras do Paraiso

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Viseu, 2025. 196 págs.

O autor, colega e amigo querido, entrega-me um exemplar autografado na Noite dos Escritores que tivemos recentemente. Uma dedicatória acessa, que emociona. Abro o livro, tropeço com a frase de Ortega da qual tantas vezes temos falado -A vida nos é disparada a queima- roupa- , e a emoção cresce e me impulsiona a seguir a leitura. Assim, direto, a queima-roupa. A vida, os livros, a amizade.

E também as lembranças entranháveis: antes de entrar na vida das alcachofras, Ary faz uma homenagem a Nina, outra colega querida, que nos deixou. Relata as lembranças dos dois últimos anos antes da partida dela, cheios de detalhes, de atenção, de carinho. E aqui me senti em falta; explico com detalhe.

Eu também tive muito relacionamento com a Nina, mas foi no final da faculdade, há mais de 40 anos. Estávamos na mesma panela  do internato, dávamos plantão juntos e quando ela, já mostrando uma gravidez avançada, insistia em dividir os horários noturnos, aceitávamos…..e a enganávamos, porque nunca a acordamos no horário que lhe correspondia. Tínhamos prazer em cuidar da primeira mãe da turma. No final da sua vida, um mês antes dela partir, fez questão de participar numa reunião de raciocínio clínico, colaborando com o seu conhecimento. A distância, obviamente, com um sorriso permanente, com bom humor, enquanto o soro pingava no braço dela. Um monumento de mulher. Tive vários pacientes que ela me ajudou a cuidar e agora sentem-se órfãos. Senti-me em falta porque eu não escrevi nenhum livro sobre isso. Ainda bem que o Ary teve a iniciativa.

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Claudio Magris: Danúbio

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Companhia das Letras. São Paulo. 2008. 448 págs.

Tinha separado este livro faz tempo, anos atrás. E, na época, um amigo grande leitor me advertiu: não é um livro simples, um romance, uma guia de viagem. É denso, tortuoso. Mas tem seu encanto. Tomei nota, deixei-o na estante, em compasso de espera. Uma viagem prevista, com passagem pela Europa Central, foi o gatilho para enfrentar a leitura deste que se considera a obra magna de Claudio Magris.

Vale esclarecer que Magris é um escritor e professor, nascido em Trieste -o que significa fronteira com o resto da Europa- especializado em germanismo. Danúbio é sim, o relato de uma viagem com amigos ao longo do rio que cruza Europa, mas é sobre tudo uma excelente desculpa para transpirar cultura, com muitas variações do seu próprio mundo interior. Um livro, por tanto, de não fácil leitura, onde é preciso pinçar conhecimentos, sem pretender abranger o trajeto salpicado de informações que ultrapassam o leitor comum.

Eis a overture, para fazer-se uma ideia: “O esboço é o rascunho de um estatuto para a vida, se for verdade que a existência é uma viagem, como se costuma dizer, e que atravessamos a Terra como hóspedes. De qualquer forma, mover-se é melhor do que nada: você olha pela janela do trem que atravessa a paisagem em alta velocidade, oferece o rosto ao frescor escasso que desce das árvores no calçadão enquanto se mistura às pessoas, e algo corre e atravessa seu corpo, o ar penetra em suas roupas, o eu se expande e se contrai como uma água-viva, um pouco de tinta sai do tinteiro e se dilui em um mar de tinta. Para desviar o olhar do próprio poço profundo, nada melhor do que direcioná-lo para a análise da identidade do outro, para se interessar pela realidade e pela natureza das coisas (…) Santo Agostinho estava em parte errado quando nos exortava a não sair de nós mesmos: quem permanece sempre em si mesmo, fantasia e se perde, acaba queimando incenso para algum ídolo esfumaçado que surge dos escombros de seus medos, vazio e insidioso como os pesadelos que a oração noturna convida a desaparecer”.

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Agota Kristof: Trilogia dos Gêmeos

Pablo González BlascoLivros 3 Comments

El Gran Cuaderno. Epublibre.   Editor digital: Titivillus. 125 págs..

La Prueba.  Epublibre .Editor digital: Titivillus. 126 págs.

La Tercera Mentira. Epublibre .Editor digital: Titivillus. 108 págs.

Encontrei na seção literária do jornal , um comentário sobre a Trilogia dos Gêmeos, de esta escritora húngara. Reconheço que o que tenho lido dos húngaros sempre me agradou. É o caso de Sandor Marai, ou  de  Magda Szabo, de quem li alguns livros. São intimistas, familiares, e examinam minuciosamente as personagens. Com este espírito aproximei-me desta trilogia mas o resultado não foi o mesmo. Encontro uma prosa fácil, dura, onde não se sabe muito bem se o relato é narrativo ou sonhado. Leio a versão em espanhol, por ser a que tinha disponível e traduzo aqui livremente. A verdade é que a escritora viveu fora da Hungria e escreveu toda sua obra em francês.

Os gêmeos Claus e Lucas são deixados ao cuidado da avó, que não mostra nenhum aprecio aparente por eles. Esse é o cenário do primeiro volume, O Gran Caderno, que é o mais palatável, quer dizer, onde a narrativa tem uma sequência lógica, sabe-se o que estamos contemplando. E os diálogos com a avó, peculiares, é o que permite conhecer com quem estamos lidando: a velha e, sobretudo, os garotos. “Durante o jantar, a vovó diz: 1Vocês já entenderam. Abrigo e comida têm que ser conquistados’-  Nós dizemos: ‘Não é isso. Trabalhar é difícil, mas ficar parado enquanto alguém trabalha é ainda mais difícil, especialmente se for velho’-  A vovó diz sarcasticamente: ‘Seus filhos da mãe! Quer dizer que sentem pena de mim?’ –  Não, vovó. Só temos vergonha de nós mesmos”

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