Robert Louis Stevenson: O Médico e o Monstro

Pablo González BlascoLivros Leave a Comment

L & PM Editores, Porto Alegre, 2011. 90 págs.

Volto sobre o clássico de Stevenson, porque ronda a minha cabeça um projeto desafiante: um curso de leitura -chamemos de grupo, tertúlia, tribo, ou seja qual for o nome- para jovens sobre como construir a identidade moral. E o tal curso -quem nem sei se sairá do papel- teria com base três clássicos que abordam a dualidade do homem. O bem e o mal, misturados na mesma pessoa. Aliás, o que todos somos, e o desafio permanente de saber-se conduzir no meio dessa forçosa divisão da nossa natureza humana.

Obviamente, lembrei de O Retrato de Dorian Gray, e fui consultar o que escrevi na época em que também pilotei um curso de Humanidades para universitários. Encontro o seguinte parágrafo que me parece oportuno, e me anima a seguir alinhavando as ideias: “Embora na condição de coordenador, na ausência de esta oportunidade, dificilmente teria voltado sobre livros já conhecidos, ou refletido cuidadosamente ao compasso de leitura e, certamente, não teria escrito sobre eles. Escrever torna claro para nós mesmos aquilo que aprendemos; é como liquido que revela, pacientemente, os contornos das ideias que a leitura deixa no fundo da alma. Revela e fixa, esculpe-as de algum modo, permite a sua digestão, e passam a fazer parte de nós mesmos”.

Também lembrei de outro clássico, O Visconde Partido ao Meio, que discutimos numa tertúlia literária, agora com gente mais vivida, vintage. Imaginei que estes três livros, relativamente curtos e de leitura fácil, poderiam ser uma boa pista de decolagem para as reflexões dos jovens que buscam construir sua própria identidade além do Instagram. Veremos se há adesão e colocamos o projeto em marcha

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Jonathan Haidt: A Geração Ansiosa

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Companhia das Letras, SP, 2024, 440 págs.

Eis um livro necessário e imprescindível. Dou o recado de saída, porque aprendi com os meus amigos jornalistas e escritores que o mais importante da notícia tem que aparecer no primeiro parágrafo. E assim o faço para que conste e não se perca a mensagem principal, no meio dos muitos dados que, com esforço, tentarei resumir. Tarefa ingrata, porque contra o que se poderia pensar, este não é um livro de tese, de pensamento, simplesmente. É um livro que me atrevo a chamar de epidemiologia social. O autor -psicólogo social- não faz juízos de valor, mas contribui com dados, muitos, apoiados em pesquisas e trabalhos sérios que farão pensar  e muito. E, assim esperamos, farão tomar providencias: a cada um, aquelas que lhes cabe.

E a seguir, a tese central desta obra, copiada textualmente do autor: “A minha afirmação central neste livro é que estas duas tendências (superproteção no mundo real e subproteção no mundo virtual) são as principais razões pelas quais as crianças nascidas depois de 1995 se tornaram a geração ansiosa. Assim, embora os pais trabalhassem para eliminar o risco e a liberdade no mundo real, geralmente, e muitas vezes sem saber, concediam independência total no mundo virtual, em parte porque a maioria tinha dificuldade em compreender o que estava a acontecer ali, e muito menos em saber o que fazer. ou como restringi-lo”. O resumo que coloco a seguir é um desdobramento desta tese central, apoiada com inúmeros dados e referências (que omito, porque é preciso ler o livro, ter a experiência fenomenológica da leitura). Desdobramento que aponta as consequências desse desbalanço de proteção.

Anota Haidt: “Muitos pais ficaram aliviados ao descobrir que um smartphone ou tablet poderia manter uma criança ocupada e tranquila por horas. Isso era seguro? Ninguém sabia, mas como todo mundo estava fazendo isso, todos presumiram que estava tudo bem. Assim, a Geração Z se tornou a primeira geração na história a passar pela puberdade com um portal no bolso que os afastou das pessoas próximas e os levou para um universo alternativo que era excitante, viciante, instável e, como mostrarei, inadequado. para crianças e adolescentes. O sucesso social nesse universo exigiu que dedicassem grande parte da sua consciência – perpetuamente – à gestão do que se tornou a sua marca online. Isto era agora necessário para obter a aceitação dos pares, que é o oxigénio da adolescência, e para evitar a vergonha online, que é a ruína da adolescência”.

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Mortimer J. Adler & Charles Van Doren: A ARTE DE LER.  Como adquirir uma educação liberal

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AGIR. São Paulo. 1954. 311 págs. Versão de LeLivros

Mortimer  Adler, grande leitor e professor conceituado, escreve este livro em 1930, quer dizer, quando as pessoas liam muito mais do que hoje. Ou pelo menos essa é a impressão que temos no quotidiano. Um livro para orientar as leituras daqueles que liam espontaneamente, ou por prescrição acadêmica. Não é um livro que estimule a ler, talvez até tudo o contrário. Pode trazer um efeito adverso, como se a leitura fosse uma empreitada para poucos. Para promover o gosto pela leitura, é mais recomendável o clássico de Pennac, Como um romance, que da todas as liberdades para que o leitor não se sinta engessado com regras e classificações.

Por que então estes comentários de um livro, digamos, aparentemente anacrónico? Na verdade, há conselhos que funcionam sempre, e podem ser de utilidade. Esse é o propósito destas linhas onde procuro recolher os melhores lances de Adler na sua obra clássica (uma delas, porque tem outras). E o primeiro nos chega no Prefácio, em forma que supera o tempo, em versão clássica:  “A leitura – como se explica (e se defende) neste livro – é um instrumento básico para bem viver. A leitura, repito, é um instrumento básico. Aqueles que utilizam para aprender nos livros e para se distrair com eles, possuem os tesouros do conhecimento. Podem ornar de tal modo sua inteligência que a perspectiva das horas solitárias se apresenta menos triste. Nem têm que temer, quando estão com os outros, aquele som oco das conversações vazias. Uma – embora não a única – justificativa da educação liberal (e este é um livro de educação liberal) é que ela nos enriquece. Faz-nos homens. Torna-nos capazes de levar a vida caracteristicamente humana da razão”.

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Sócrates: o fenômeno pedagógico mais formidável da história do Ocidente

Pablo González BlascoLivros 1 Comments

El Problema Socrático . Págs. 575-664  in Werner Jaeger. Paideia: Los ideales de la Cultura Griega. Editor digital: eudaimov. ePub base r1.2

Tinham me convidado para uma reunião literária on line, tendo como base o livro clássico de Werner Jaeger, Paideia: Os ideais da Cultura Grega.  O livro é muito extenso, e não tendo tempo nesse momento, para enfrentar uma obra de mais de 1700 páginas, decidi optar pelo possível e mergulhei no capitulo sobre Sócrates. Foi uma decisão feliz, porque -embora sempre desconfiei e até falei disso- comprovei novamente que Sócrates é de uma atualidade absoluta, especialmente para os que estamos envolvidos nos temas da Educação Humanista. A frase do título, tirei-a deste capitulo, pois iluminou minha leitura desde o início.

Tomei notas das mais de 100 páginas desse capítulo, e agora tento alinhavá-las. Logo no início, Jaeger adverte o giro que Sócrates imprime à educação grega, um giro cuja atualidade persiste. Anota:  “Sócrates torna-se o guia de todo o Iluminismo e filosofia moderna; um apóstolo da liberdade moral, afastado de todos os dogmas e de todas as tradições, sem outro governo senão o da sua própria pessoa e obediente apenas aos ditames da voz interior da sua consciência. Ele é o evangelista da nova religião terrena e de um conceito de bem-aventurança acessível nesta vida através da força interior do homem e baseado não na graça, mas na tendência incessante para a perfeição do nosso próprio ser. Mas este culto não procurou deslocar o Cristianismo, mas sim infundir-lhe forças que naquela época eram consideradas indispensáveis (…) O que ele fez foi moralizar, intelectualizar a concepção trágica do mundo da Grécia antiga. É a ele que devemos atribuir todo o idealismo, o moralismo, o espiritualismo em que a Grécia dos tempos posteriores se refugiará espiritualmente. A luta travada por Nietzsche é, depois de muito tempo, a primeira indicação de que a antiga força atlética de Sócrates permanece ilesa e que o super-homem moderno não se sente tão ameaçado na sua segurança interior por nenhuma outra força”. Não é a toa que Nietzsche não apenas pregava a morte de Deus , como a do próprio Sócrates, que era um incômodo permanente para sua concepção do mundo.

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Matt Haig: A Biblioteca da Meia-Noite

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Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2021. 250 págs.

Foi, inicialmente, a indicação de um amigo, grande leitor, que me fez escalar esta obra para a Tertúlia Literária no passado ano. As tertúlias pararam, mas a lista continuou ativa. E me aventurei com o livro que, depois, soube tinha feito sucesso entre gente jovem. Interessante isso -pensei- algo que toca a juventude. Nem que seja somente por isso vou ter que ler. Após os primeiros capítulos já senti por onde iam os tiros. Mas tendo feito a promessa de ir até o fim, continuei lendo para ver se minha hipótese de interpretação estava correta.

A protagonista absoluta -em versões variadas- é uma mulher jovem que incarna o sem sentido da vida. Assim descreve o autor: “Nora verificou suas redes sociais. Nenhuma mensagem, nenhum comentário, nenhum novo seguidor, nenhuma solicitação de amizade. Ela era antimatéria, com um toque de autopiedade (…) Nora só se definia à luz do que não era. Das coisas que não tinha conseguido ser. E, realmente, havia um bocado de coisas que ela não tinha sido. Os arrependimentos que viviam num looping eterno em sua mente. Não fui nadadora olímpica. Não fui glaciologista. Não fui mulher do Dan. Não fui mãe. Não fui vocalista dos Labyrinths. Não fui uma pessoa boa de verdade nem feliz de verdade. Não consegui tomar conta de Voltaire direito. E agora, por último, ela sequer tinha conseguido morrer. Era patético, sério, o número de possibilidades que ela havia desperdiçado.”

E o recado que vem da bibliotecária, que é a mentora de Nora nesta aventura possibilista, com livros verdes brilhantes, e prateleiras que se movem à sua volta: “Enquanto a Biblioteca da Meia-Noite estiver de pé, Nora, você será resguardada da morte. Agora, precisa decidir como quer viver”.

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Étienne Gilson: El Amor a la Sabiduría

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AYSE. Caracas, Venezuela. 1974. 103 págs.

Eis outra obra que senti a necessidade de reler. Parece-me que peguei no embalo, porque estou desentocando livros que li há mais de três décadas, e que me impactaram. Este aqui, é um livro pequeno, 100 páginas, que reúne quatro conferencias de E. Gilson e que foi publicado em vários lugares. A edição que tinha na minha prateleira vem da Venezuela, o que me pareceu também simbólico, dado os momentos que esse pais está passando hoje. Um dos maiores filósofos do século passado, talvez quem melhor aprofundou no pensamento de Tomás de Aquino, em páginas impressas num pais onde o governo instituído não está precisamente alinhado com este amor à sabedoria.

Logo no início, Gilson confessa o motivo da sua admiração pelo mestre. “Se  me perguntassem  o principal exemplo que nosso mestre (Tomás de Aquino) nos deu, eu responderia: é o exemplo de uma vontade inabalável de saber, unida a um respeito intelectual absoluto pela verdade”. E a seguir, nessa sintonia, adentra-se nos caminhos que conduzem à sabedoria: “A erudição, portanto, não consiste primariamente na quantidade de conhecimento que um homem possui, mas na maneira como ele o possui; e como quero deixar-vos com esta ideia, dir-vos-ei imediatamente que um verdadeiro estudioso é essencialmente um homem cuja vida intelectual faz parte da sua vida moral; Em outras palavras, um estudioso é um homem que decidiu, de uma vez por todas, aplicar as exigências da sua consciência moral à sua vida intelectual”.

Quer dizer, a sabedoria não é apenas conhecer e saber, mas ser consequente com esse conhecimento, assimilá-lo, fazê-lo vida, pulsar do próprio coração. Continua Gilson: “A primeira virtude que é preciso se impor ao dar esse passo é a honestidade intelectual. A honestidade moral é, na sua essência, um respeito escrupuloso pelas regras da justiça; A honestidade intelectual é um respeito escrupuloso pela verdade”. Requer por tanto, serenidade, paciência. Não existem atalhos para crescer em sabedoria. É um equívoco o de aqueles que “não conseguem perceber que o esforço lento e paciente levará uma mente que sabe pouco a saber muito, e assim, no seu desespero para conseguir imediatamente o que querem, acabam abandonando completamente a tarefa”.

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Um Cavalheiro Em Moscou: Redimir as Circunstâncias

Pablo González BlascoSerie Leave a Comment

Título original: A Gentleman in Moscow. Minissérie de televisão. 2024. 14. 55 min (8 capítulos de 45 min). Diretor: Sam Miller e Sarah O’Gorman. Ewan McGregor. Johnny Harris. Leah Harvey. Mary Elizabeth Winstead. Fehinti Balogun Billie Gadsdon.

Chegou-me a notícia de que o magnífico livro de Towles tinha gerado uma série.  Era de se esperar, visto o sucesso do romance. Mas, confesso, que como sempre que os livros originam filmes e variantes, fiquei receoso. E antes de me aventurar na empreitada, rememorei os momentos fascinantes que passei em companhia do Conde Rostov. Ele preso no Hotel Metropol, eu no meu ambiente nas primeiras semanas da pandemia, em 2020. Lembrei da sua educação esmerada -um verdadeiro humanista, de ampla cultura; da florista, do barbeiro e do restaurante Boiarski, ponto alto do romance. Habilidade na escolha do menu -tanto na hora de pedir como de preparar, quando assume como chef– e agudeza para indicar o vinho que harmoniza com o prato.

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Amor Towles: A Estrada Lincoln

Pablo González BlascoLivros 4 Comments

576 págs. Intrínseca. São Paulo 2022

A obra anterior de Amor Towles deixou-me um bom sabor de boca que ainda perdura. Faz mais de quatro  anos que acompanhei o Conde Rostov dominando suas circunstancias no hotel Metropol. Por isso, não precisei de nenhum incentivo para aventurar-me com esta nova entrega: uma historia de amizade e de viagens, no interior dos Estados Unidos, na década dos anos 50, do passado século.

A referência é a Estrada Lincoln  que cruza o pais de Times Square em NY, até S. Francisco. Mas  o objetivo -que dá nome ao livro- dá espaço à trajetória, ao percurso, que é onde as coisas acontecem, as pessoas amadurecem, os jovens vão se tornando adultos. Mais importante do que a meta, é o caminho que se percorre. Um saber conhecido, que o autor americano consegue plasmar em histórias variadas, com entradas e saídas de personagens magnificamente desenhados.

Quatro personagens principais -Emmett, Billy, Duchess, e Woolly- são os quatro mosqueteiros desta empreitada. De temperamentos e modos de ser diferentes, com o denominador comum de que quase todos eles estiveram num reformatório, por motivos nem sempre justos. Mas assim é a vida. E assim são os jovens, que “atiçam as expectativas uns dos outros, até que as necessidades da vida comecem a revelar-se”.

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Interlúdio Poético. Katia Gomes: Avesso

Pablo González BlascoLivros 1 Comments

93 págs. Nova Literarte. São Paulo. 2022

Não sou especialmente aficionado a poesia. Gosto sim, quando o verso me golpeia e me faz pensar. Talvez por isso, guardo no meu acervo -e no meu coração- poemas de alguns poetas, que também utilizo nas minhas aulas quando desenvolvo a educação humanista. São como uma pista de decolagem para voos de altura. Mas nunca me aventurei neste espaço a fazer comentários -menos ainda tecer críticas- de obras poéticas. Porém, o autógrafo da autora quando me entregou o livro, é provocador: que a poesia sempre traga boas reflexões. Não tive como evitar, pois, este interlúdio poético.

Li o livro, folheando com calma, voltei, li de novo. Porque a poesia é assim: provocadora. Deparei-me com poemas curtos, afiados, como quadros de uma exposição. Andas com vagar, olhas, reparas neste, naquele; um te seduz, olhas demoradamente. Se te permitem até tiras uma fotografia, sem saber exatamente por quê. Fisgou-te; sentes que precisas olhar de novo, depois, com calma.

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Stendhal: A Cartuxa de Parma

Pablo González BlascoNão categorizado 1 Comments

Editora Globo. São Paulo, 2004. 571 págs.

Faz quase 20 anos li a obra de Henry Beyle, conhecido pelo pseudônimo de Stendhal, O Vermelho e o Negro, e devo confessar que não guardei praticamente nada. Fui consultar minhas anotações daquela época -muito mais sucintas do que os atuais comentários- e deparei-me apenas com três frases que copio ipsis litteris  A tirania da opinião – e que opinião!!- é tão estúpida nas cidadezinhas da França como nos Estados Unidos de América”.  A segunda, sugestiva da superficialidade das personagens:  “A senhora Renal tivera bastante bom-senso para logo esquecer, como absurdo, tudo o  que aprendera no convento; em troca, não pôs nada em seu lugar e acabou por não saber nada”.E na mesma toada frívola, a terceira: “Julien percebeu que a menor reflexão o irritava, longe de lhe tranquilizar; via nisso a linguagem do inferno”. Ai acabou minha relação com Stendhal, sem pena nem gloria, como se diz em linguagem popular.

Mas a leitura de um livro que me impactou sobre Madrid -as memórias de um escritor moderno que sabe encontrar as palavras adequadas para descrever as situações- provocou-me. La encontrei -em livre tradução ao português- parágrafos como os seguintes: “Perguntou-me o que eu iria fazer em Madrid e eu lhe disse que o amor da minha vida estava me esperando lá. Eu tinha acabado de ler A Cartuxa de Parma e, quatro ou cinco semanas antes, tive a fantasia de que estava desmiolado  com a primeira garota que beijei (…..) Vidas de segunda mão, homens e mulheres soltos em edições baratas (que foi onde lemos os livros que mudaram as nossas vidas, como aquele exemplar de  A Cartuxa de Parma que mudou a minha vida). Foi isso que nos interessou acima de tudo, procurando naquelas pilhas de livros velhos e de vidas maltratadas e monótonas, as obras imortais e luminosas”.

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