Milan Kundera: “A Identidade”
Milan Kundera: “A Identidade”. Companhia das Letras. São Paulo. 2009. 115 pgs.
Alguém já afirmou, a julgar pelos comentários que coloco neste espaço, que somente leio livros bons. É verdade que procuro assessorar-me antes de adquirir um livro, e de investir tempo na sua leitura. Mas o sucesso nem sempre garantido. Este é um dos casos.
Embora raramente presto atenção às frases pré-fabricadas que gotejam ininterruptamente na nossa caixa de e-mails, e no WhatsApp, desta vez me deixei seduzir por um breve texto sobre a amizade proveniente de um livro de Milan Kundera. Quis saber mais -a amizade é tema que me apaixona, na teoria e, muito mais, na prática- entrei na estante virtual, e com um click adquiri o livro.
Enganei-me. Sim, é verdade que Kundera fala em certa altura da amizade, mas o texto que me tinha chegado não era original, e sim devaneios de alguém a partir do pensamento do escritor Tcheco. Fala dos amigos, parece que dá importância, mas no fundo usa os amigos para promover o próprio ego. Diz assim, textualmente: “A amizade é indispensável ao homem para o bom funcionamento da sua memória. Lembrar-se do passado, carregá-lo sempre consigo, é talvez a condição necessária para conservar, como se diz, a integridade do seu eu. Para que o eu não se encolha, para que guarde seu volume, é preciso regar as lembranças como flores num vaso e essa rega exige um contato regular com as testemunhas do passado, quer dizer, com os amigos. Eles são nosso espelho; nossa memória; não exigimos nada deles, a não ser que de vez em quando lustrem esse espelho para que possamos olhar-nos nele”.