Paul Thureau-Dangin: “Newman Católico. A fidelidade na provação”
Paul Thureau-Dangin: “Newman Católico. A fidelidade na provação”. Cultor de Livros. São Paulo, 2014. 138 pgs.
Eis um livro pequeno e delicioso que agigantou notavelmente a admiração que já professava por Newman. O título o diz tudo: as provações que John Henry Newman teve de passar como católico, e que ele mesmo resume magistralmente “Como protestante, a minha religião parecia-me miserável, mas não a minha vida. E agora, como católico, a minha vida é miserável, mas não a minha religião”.
Um tema do qual pouco se fala, talvez porque é eclipsado pela trajetória da conversão deste que é um dos grandes santos ingleses. A base da obra são notas íntimas e cartas que Newman mandou entregar a modo de testamento a Wilfrid Ward, filho de William G. Ward, discípulo de Newman em Oxford e depois, quando também converso, um opositor do seu antigo mestre por considera-lo “pouco ortodoxo” do catolicismo.
É sabido que Newman escreveu vários milhares de cartas, e de muitas guardava copia. Um fato que não é fortuito, se lembramos o que ele mesmo sugeria como base das biografias: devem fazer-se não apenas com o relato dos fatos, mas à luz dos seus escritos, principalmente das suas cartas, onde o espírito se desnuda, e nos aparece a figura biografada na sua verdadeira dimensão. E nestas cartas e notas percebe-se algo que nos conversos é virtude rara: a ponderação, a equanimidade que leva a buscar a compreensão para com todos, seja qual for o seu credo e atitude.