Javier Moro: “El Imperio eres tú”
Javier Moro: “El Imperio eres tú”. Planeta. Barcelona (2011). 560 pgs.

Quando chegou ao meu conhecimento que o Prêmio Planeta de 2011 tinha sido concedido a um romance que relatava a instalação do Império Brasileiro, a curiosidade catalisou o já habitual interesse com este galardão. Adquiri o livro na primeira oportunidade e chegou às minhas mãos, não sem antes pagar o pedágio costumeiro dos meus contatos na Espanha; neste caso minha irmã, professora de filosofia e leitora enciclopédica. O que foi ótimo, porque junto com o livro chegou uma avalizada opinião hispânica: “Para os que não conhecemos o Brasil, o livro, muito bem escrito, traz informações preciosas. E, naturalmente, a vontade é de conhecê-lo o quanto antes. As personagens estão descritas maravilhosamente, assim como os lugares e a enorme geografia brasileira. Grande mulher Leopoldina! D. Pedro, uma figura de cuidado…” Nas reticencias femininas pareceu-me entender uma mistura de compreensão e de amável crítica. Foi um bom ponto de partida que me espicaçou a vontade de ler, e me embrenhei no grosso volume, que consegue manter o interesse ao longo das quase 600 páginas.
Por elas desfilam as personagens muito bem delineadas. D. João VI, o rei que, a pesar das suas frequentes indecisões e pusilanimidades, foi “o único que conseguiu me enganar”, em palavras de Napoleão. A corte portuguesa se translada à colônia, deixando o general Junot, homem forte de Bonaparte, a ver navios….literalmente. Os navios que partem pouco antes da entrada dos franceses em Lisboa. Por lá desfila Carlota Joaquina, a espanhola que conspirou incansavelmente contra o trono do marido e que sempre desprezou o Brasil. Lá encontramos Maria a Louca, a Rainha Mãe, que não entendia o porquê das correrias que a forçaram a abandonar o palácio de Queluz. E Leopoldina, a arquiduquesa austríaca (uma Habsburgo legítima, bisneta de Maria Teresa de Áustria). A futura Imperatriz do Brasil, perdidamente enamorada de Pedro, respondia com fidelidade maternal e com aprumo repleto de sabedoria às continuas infidelidades do Imperador, ajudando-lhe a construir o império, tornando-se sua melhor colaboradora e idolatrada pelo povo brasileiro. E José Bonifácio, o culto patriarca da Independência. E, naturalmente, Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, que arrastou D. Pedro à loucura, e lhe fez perder credibilidade internacional e, em longo prazo, o trono do Império.
Todas as personagens transpiram credibilidade, incarnam-se na trama, até o ponto de que o romance se funde com a história. Bem o adverte o autor que anota no final: “Os acontecimentos aqui narrados existiram realmente. As personagens, as situações, e o marco histórico são reais, e o seu reflexo fruto de uma investigação exaustiva. Dramatizei cenas e recriei diálogos em base da minha própria interpretação, para contar desde dentro, o que os historiadores contam desde fora”.