Lamberto Maffei: Alabanza de la Lentitud
Lamberto Maffei: Alabanza de la Lentitud. Alianza editorial. Madrid (2016).128 pgs.
Um pesquisador italiano de neurociências, com vertente humanista, faz uma reflexão em voz alta sobre a lentidão. Isso é este livro: uma advertência de que as coisas realmente importantes e substâncias requerem um tempo que o mundo atual não parece disposto a conceder-lhes.
Sua reflexão inicia-se num museu em Florença onde observa pintadas no teto umas tartarugas com uma vela acoplada. E o lema clássico: Festina lente! (apressar-se com lentidão). Quer dizer, não atropelar as coisas, refletir, ponderar, e aí sim, decidir e ir atrás, sem hesitar. O ímpeto irreflexivo é tão nocivo como a decisão pela metade. Isto nada mais é do que as partes clássicas da virtude da prudência. Mas parece que o museu lhe inspira: “um museu de arte produz mais serotonina do que qualquer fármaco”.
A proposta de Maffei é clara: refletir sobre os mecanismos cerebrais que conduzem as reações rápidas e as lentas. E sua interação com uma civilização que prima pela rapidez. Adverte que a rapidez da evolução técnica -muito rápido, com um pulsar de botão- nada tem a ver com o ritmo fisiológico do organismo, e do cérebro. Uma sociedade que compete com a biologia está destinada a perder. Discorre depois sobre um tema que domina: a neurofisiologia. O desenvolvimento do cérebro humano, a plasticidade que possui, que permite ir sendo moldado através de décadas. Enquanto que a maturidade do cérebro do rato precisa de apenas algumas semanas e o de outros mamíferos de vários meses, somente no homem a plasticidade que permite atingir a maturidade estende-se por anos.